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quinta-feira, 28 março, 2024

Anjelica Huston não é mais a filha de, a namorada de…

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Durante muitos anos a atriz Anjelica Huston era vista somente como filha do diretor John Huston, ou como a namorada de Jack Nicholson, seu namorado por 17 anos. “Meu único papel era andar de braços dados com ele”, diz hoje. A vida inteira foi complicada para ela. Conta-se que quando nasceu, um mensageiro atravessou o Congo a é para entregar um telegrama ao seu pai, que na época (julho de 1951) estava filmando Uma Aventura na África. Depois de ler esse telegrama, John Huston dobrou-o e guardou-o no bolso. A atriz Katharina Hepburn, que viu a cena, quis saber do que se tratava. Friamente ele respondeu: “é menina”.

Desde que nasceu sua vida pode ser um romance de aventuras, um conto de fadas ou melodrama mexicano. Anjelica só via filmes de seu pai (O Falcão Maltês, Paixões em Fúria, O Tesouro de Sierra Madre) e seus brinquedos eram planetários de bronze, fotografias de Manolete (rezava todas as noites por sua sobrevivência) e dúzias de pôneis. Em uma ocasião confessou a uma amiga que O Mágico de Oz nunca a havia emocionado particularmente e esta respondeu.

O pai, dono de tudo aquilo, John Huston, voltava para casa apenas no Natal, mas com tesouros de todo o mundo como se fosse, literalmente, o Papai Noel: sedas orientais, quimonos japoneses, cristais venezianos. Cada reaparecimento do cineasta enchia a casa de ruído e de convidados como John Steinbeck (que costumava contar a Anjelica histórias de Trampoline, uma prostituta mexicana), Peter O’Toole (para quem Anjelica representava obras de Shakespeare), Jean-Paul Sartre, WH Auden e Robert Mitchum, com quem a menina  jogava Scrabble.

Quando tinha 11 anos, Anjelica descobriu que o pai havia engravidado sua babá, Zoe Sallis (de 20 anos). Quando John Huston soube que a filha estava prestes a ser a Julieta, de Franco Zeffirelli, escreveu uma carta ao diretor italiano para que contratasse outra atriz – ele queria ser aquele que apresentaria Anjelica ao mundo. A rodagem de Caminhando com o Amor e a Morte, em 1969, traumatizou Anjelica, que só queria se rebelar contra o pai, com tanta má sorte que o pai também era seu diretor. Naquela época Anjelica já tinha a idade das mais jovens conquistas de John (Marlon Brando a convidou para visitá-lo no Taiti) e tinha de rodar cenas seminua para ele. Durante uma discussão, arrancou as roupas dela na frente de toda a equipe de filmagem.

Quando tinha 11 anos, Anjelica descobriu que o pai havia engravidado sua babá, Zoe Sallis (de 20 anos). Quando John Huston soube que a filha estava prestes a ser a Julieta, de Franco Zeffirelli, escreveu uma carta ao diretor italiano para que contratasse outra atriz: ele queria ser aquele que apresentaria Anjelica ao mundo. A rodagem de Caminhando com o Amor e a Morte, em 1969, traumatizou Anjelica, que só queria se rebelar contra o pai, com tanta má sorte que o pai também era seu diretor. Tentava se maquiar em segredo, mas ele limpava o rosto dela antes de cada tomada. “Queria agradá-lo, mas também tinha medo dele”, ela admitiria. Naquela época Anjelica já tinha a idade das mais jovens conquistas de John (Marlon Brando a convidou para visitá-lo no Taiti) e tinha de rodar cenas seminua para ele. Durante uma discussão, arrancou as roupas dela na frente de toda a equipe de filmagem.

Quando a mãe morreu, com medo que o pai a internasse em um convento, se refugiou na moda e posou para uma reportagem de 30 páginas na Vogue, fotografada por Richard Avedon na Irlanda. “Adorei as roupas, o champanhe, a atenção. Tudo, exceto a minha aparência. Dividia espelhos com as mulheres mais bonitas do mundo e chorava sem parar porque me achava feia. Agora olho essas fotografias e acho que estava maravilhosa”, explicou anos depois na revista People.

Anjelica manteve relacionamento de quatro anos com o fotógrafo Robert Richardson, marcado por abusos psicológicos (Richarson foi diagnosticado com esquizofrenia anos depois). Ele a recriminava por não ser uma mulher de verdade por não engravidar, e ela chegou a cortar as veias. Richardson tinha 42 anos, ela 18 e não escapou do padrão em que estava caindo. “Estava apenas procurando um pai, um pai que me desse sua aprovação”.

Anjelica diz que se apaixonou por Jack Nicholson pela primeira vez quando o viu em Easy Rider (Sem Destino, em 1969) e pela segunda vez quando ele abriu a porta de sua mansão recebendo-a com aquele sorriso em uma festa de aniversário. Passaram a noite juntos e na manhã seguinte Nicholson chamou um táxi para ela, no qual teve de entrar ainda com seu vestido de noite. O ator cancelou o segundo encontro devido a um compromisso anterior que acabou sendo Michelle Phillips, a cantora do The Mamas and the Papas (Anjelica e Michelle são amigas desde então), mas acabaram embarcando em um relacionamento intermitente de 17 anos. Ela se afastou da moda para exercer a função de companheira de Jack.

Huston e Nicholson se tornaram a personificação do glamour da Hollywood mais noturna. Em uma cena de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, em que Paul Simon tenta convencer Diane Keaton a ir com ele a uma festa, Simon improvisou a frase “Jack e Anjelica também vão”. Joni Mitchell escreveu uma música sobre suas festas, People’s Parties. “Havia poetas, cantores, travestis e modelos. A aristocracia rebelde americana se misturava com os círculos de Warhol”, gabou-se no The Guardian. Em um de seus aniversários, comemorado em um clube que ainda não havia aberto as portas, Jack Nicholson lhe trouxe um filhote de elefante.

Jack, 14 anos mais velho, era outro centro de gravidade maior que a vida. A filha do cineasta havia se transformado na garota do gângster. Quando o casal participou do Festival de Cannes de 1974 (em que Nicholson ganhou o prêmio de Melhor Ator por A Última Missão), uma loira de moto se aproximou deles e convidou Jack para subir. Ele não hesitou nem um instante, deixando Anjelica no hotel chorando durante horas. Em outra ocasião, encontrou a modelo Apollonia van Ravenstein chorando em sua casa e, quando perguntou a Jack, ele disse que havia transado com ela pois ficara com pena. “Não queria parecer resmungona nem ciumenta. Reagir teria me relegado a ser uma pessoa chata, então decidi deixar para lá até que não aguentasse mais”, confessou a atriz. Quando Anjelica, em lágrimas, buscou consolo com o pai, este ficou irritado: “São coisas de homens”.

As constantes infidelidades de Jack levaram Anjelica a deixá-lo por Ryan O’Neal, então o ator mais bonito do mundo graças a Love Story. Mas durante uma discussão, provocada pela confissão dele que estava dormindo com Ursula Andress e Bianca Jagger, O’Neal bateu sua cabeça na de Anjelica e a esbofeteou. Ela reatou com Nicholson sem que existisse uma única foto documentando seu ano e meio com O’Neill. “Meu único papel era andar de braços dados com ele. Eu queria domesticar a fera, porque os homens conquistam países, mas nós, mulheres, conquistamos corações, mas meu desejo era ser como Jo March em Mulherzinhas. Eu queria um romance, casar e ter um monte de filhos”, afirma.

Um quarto próprio

Em 1980, Jack deu-lhe uma Mercedes e Anjelica sofreu um acidente no mesmo dia, que terminou com o nariz quebrado em oito partes. Depois de sair do hospital, decidiu comprar sua própria casa a 15 minutos da de Jack. Tinha quase 30 anos. Seu novo projeto de vida incluía voltar ao cinema. Em 1985, John Huston dirigiu-a em A Honra do Poderoso Prizzi, ao lado de Nicholson. Quando pediu um aumento de salário (ofereceram-lhe o equivalente a 13.000 euros, o salário-base de um ator nos Estados Unidos), o produtor lhe disse que nem sequer a queriam no filme e só a tinham usado para conseguir Huston e Nicholson.  A atriz ganhou um Oscar e, em vez de atender a imprensa assim que desceu do palco, voltou à plateia onde encontrou John e Jack chorando.

O primeiro ato de sua vida foi protagonizado por John. O segundo por Jack. Mas o terceiro seria sua própria história – rodou os maiores sucessos comerciais de sua carreira (Convenção das Bruxas, onde traumatizou toda uma geração de crianças arrancando-se o rosto, A Família Addams, Para Sempre Cinderela). Em 1992, casou-se com o escultor Robert Graham. “Foi o primeiro homem que me olhou a sério. Seus olhos se pregavam em mim”, confessou à Vanity Fair. Quando ela colocou botox, ele se zangou porque havia lhe contado uma história triste e não sabia se ela tinha ficado comovida ou não. O casamento, que não teve descendência, durou até a morte dele em 2008.

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