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sexta-feira, 19 abril, 2024

Spielberg, aquele que mudou o jeito de fazer cinema

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Até o começo dos anos 1970, os estúdios de Hollywood tinham regras imutáveis para novos filmes. Mas então surgiu um grupo de diretores desconhecidos que resolveu mudar tudo. Eram chamados de garotos loucos – Francis Ford Coppola, Brian de Palma, George Lucas e Steven Spielberg. Cinquenta anos depois, o tempo mostrou que de loucos não tinham nada. Todos produziram e dirigiram filmes que são os maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos.

Spielberg começou cedo, à sua maneira. Seu pai, Arnold, era engenheiro eletrônico, metido no desenvolvimento de computadores. A mãe restaurava obras de arte e tocava piano em concertos. Aos 13 anos, venceu um concurso de curta-metragem com “Fuga do Inferno”. Aos 16 anos, fez seu primeiro filme em super-8, Firelight, que anos mais tarde inspiraria Contatos Imediatos de 3ª Grau. Aos 22 anos fez seu primeiro curta-metragem quase profissional, “Amblin”, que foi premiado em importantes festivais do gênero nos Estados Unidos e ainda o Festival de Veneza.

Jovem, e já com prêmios na bagagem, tentou entrar no departamento de filmes da University of Southern California. Não foi aceito e foi estudar na Universidade Estadual da California, onde fez cinco filmes. Depois de “Amblin”, Spielberg foi contratado pela Universal para dirigir filmes para a televisão. Em 1972 dirigiu “Encurralado”. O sucesso foi tamanho que o filme passou a ser exibido nos cinemas. Na Universal, dirigiu episódios da série Columbo também. Dois anos depois dirigiu “Louca Escapada”, sucesso de crítica mas fracasso de público. Com essa produção, começou sua parceria com John Willians, músico que fez praticamente todas as trilhas sonoras de seus filmes.

Até que em 1975 Spielberg dirigiu e lançou “Tubarão”, que na época se tornou fenômeno mundial, arrecadando milhões de dólares. Nesse filme Spielberg mostrou que era diferente. O tubarão mecânico não funcionava direito, e criou-se as cenas das bóias amarelas sendo arrastadas no mar, perto do barco. Na edição do filme, Spielberg fazia o volume da música aumentar sempre que o tubarão fosse atacar alguém – uma lembrança do filme Psicose, de Alfred Hitchcock. Já tinha fama de estourar prazo e orçamento, mas mesmo assim, em 1977, fez “Contatos Imediatos de 3º Grau” – sua primeira indicação para um Oscar, como melhor diretor. Mas não ganhou.

Dois anos depois fez “1941 – uma Guerra muito Louca”. Era a história de uma invasão japonesa nos Estados Unidos, em tom de comédia. O filme não agradou muito, e Spielberg começou a ser mal visto nos estúdios, até que foi socorrido por seu amigo George Lucas. “O Steven estava pensando em fazer um filme de James Bond – conta Lucas – mas disse a ele que tinha coisa melhor, o Indiana Jones”. Todos os estúdios de Hollywood recusaram o filme. Alguns até afirmaram que se fosse outro diretor, tudo bem. Prevaleceu a teimosia de Lucas, e Spielberg dirigiu “Os Caçadores da Arca Perdida”, com o compromisso de dirigir duas sequências. O filme deu outra indicação ao Oscar, mas Spielberg não ganhou.

Consagração pra valer veio em 1982, com “ET – o Extraterrestre”. Outra indicação ao Oscar, e nada de ganhar. Quando o filme foi imaginado, seria de terror. Mas Spielberg fez tudo diferente – colocou o alienígena como amigo das crianças, retratou problemas de filhos de pais divorciados (caso dele também) e até hoje o filme é um dos mais vistos em todo o mundo. Em 1985, dirigiu “A cor púrpura”, que teve 11 indicações para o Oscar. Dois anos depois, “O Império do Sol”. Em 1989 dirigiu “Além da Eternidade”, que não foi bem nos cinemas. Se recuperou em 1991, com “Hook – a volta do Capitão Gancho”.

Em 1993, Spielberg emplacou dois filmes – Jurassic Park, que se tornou recorde de bilheteria até então, e “A Lista de Schindler”, que lhe deu o primeiro Oscar como diretor. Uma curiosidade: desde a infância, Spielberg renegava sua ascendência judia. Só assumiu quando se casou com Kate Capshaw, atriz que interpretou uma dançarina de cabaré em “Indiana Jones e o Templo da Perdição”. Kate era uma estudiosa do judaísmo e adotou a religião, ao mesmo tempo em que Spielberg assumia ser judeu. “A Lista de Schindler”, baseado em livro homônimo, ficou dez anos na gaveta, e Spielberg dizia que só o faria quando chegasse a hora. O filme foi rodado no campo de Auschwitz, na Polonia. “Filmávamos às cinco da manhã, com um frio de trincar os ossos, e com cães pastores bravos de verdade” recorda Liam Nesson, ator que interpretou Oskar Schindler.

Já consagrado, Steven partiu para outro projeto – fundou a Dream Works em sociedade com Jeffrey Katzenberg, da Disney, e David Geffen, dono da gravadora Geffen Records. Foi o primeiro novo estúdio de Hollywwod após 75 anos dos sempre mesmos. A estréia da Dream Works foi com “Amstad”, que foi ofuscado por Titanic, lançado no mesmo ano (1997). Em 1998, Spielberg conseguiu seu segundo Oscar, com “O Resgate do Solado Ryan”.

Depois vieram “AI-Inteligência Artificial”, “Minority Report”, “Prenda-me se for capaz”, “O Terminal”, “Guerra dos Mundos”, “Munique”.  Alguns dividiram opiniões, mas “Prenda-me se for capaz” voltou a consagrar Spielberg. “Munique” lhe valeu outra indicação para o Oscar. Mas ele não é só um diretor que improvisa, muda roteiros e lança atores desconhecidos. Spielberg também foi produtor de filmes como “Poltergeist”, “Gremlins”, “Os Goonies”, da trilogia “De Volta para o Futuro” e “MIB – Homens de Preto”.

Seus amigos, que faziam parte do grupo de loucos, também se deram bem. George Lucas mostrou a que veio com Guerra nas Estrelas; Francis Ford Coppola dirigiu entre outros “O Poderoso Chefão” e “Apocalipse Now”; Brian de Palma dirigiu “Scarface”, “O Pagamento Final” e “Os Intocáveis”.

Tubarão foi o acaso feliz

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Quando Tubarão foi rodado, não havia roteiro. Havia um livro como base, mas o filme não tinha roteiro. Foi praticamente improvisado. Também foi filmado no mar, e não em estúdio, o que fez que o tubarão mecânico de 12 toneladas tivesse peças corroídas e não funcionasse. “Mas o bom do filme é que causava terror pelo que o público não via, e não pelo que estava na tela”, diz Spielberg.

Tubarão foi lançado em poucos cinemas americanos, mas com bastante anúncios na TV, o que provocava filas e despertava ainda mais a curiosidade do público. O título original era “É como se Deus tivesse criado o diabo e lhe dado … mandíbulas”. Os críticos caíram de pau no filme, mas, quanto mais se criticava, mais sucesso ele fazia.

Tubarão custou três vezes mais que o previsto. As filmagens também estavam marcadas para 55 dias, e duraram 159. Mas depois de Tubarão, nunca mais o cinema foi o mesmo.

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