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sexta-feira, 29 março, 2024

Buscas no Google por “divórcio virtual” cresceram 850% na quarentena

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Casais confinados em suas casas por causa da quarentena não se suportam. Resultado: buscam no Google o divórcio virtual, sem precisar ir ao cartório

Ficar com a mesma pessoa dia e noite, sem poder sair de casa, deve ser entediante. Ou sufocante. Casais que se suportam em tempos normais, quando ficam menos tempo juntos, explodiram sua ira em tempos de quarentena, e estão buscando o divórcio. O termômetro da situação no Brasil está no Google, que em sete dias viu crescer 850% as buscas pelo termo “divórcio on-line gratuito”. Assustou? Calma que tem mais. O tédio dos casais teve um pico na última metade de abril, quando as buscas no Google cresceram 9.900%.

A psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins não se surpreende com esses dados. “O confinamento fez com que os casais ficassem sufocados, as pessoas não estão se aguentando mais. A falta de respeito à individualidade do outro e a obrigatoriedade de se manterem sob o mesmo teto 24 horas por dia seriam fatores que acabariam por matar de vez qualquer resquício de desejo sexual – isso sem falar na perda da capacidade de socialização e na falta que faz o exercício do poder de sedução fora de casa. Antes da pandemia, o casal saía para trabalhar fora, via amigos, seduzia outras pessoas… Agora acabou isso tudo. Virou uma coisa sufocante, o que só comprova a teoria de que no casamento é onde menos se faz sexo“.

Pandemia faz aumentar pedidos de divórcio

A procura por divórcio tem aumentado durante o período de isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19. Segundo a advogada da área de Família e Sucessões, Débora Guelman, o convívio intenso em virtude da quarentena tem sobrecarregado física e emocionalmente as famílias brasileiras.

“Esse isolamento social forçado pela pandemia aumenta o convívio entre os casais e justamente esse aumento do convívio gera conflitos. Por conta disso, a probabilidade de haver mais divórcios é muito maior”, afirmou Débora Guelman, em entrevista à Rádio Nacional. A advogada afirma que 70% dos pedidos de divórcio são iniciados pelas mulheres, e a reclamação mais frequente é a tripla jornada. “Essas mulheres trabalham, cuidam dos filhos e cuidam da casa. Então, elas não aguentam relacionamentos machistas”, afirmou.

No Brasil há dois tipos de divórcios. No mais simples, chamado de extrajudicial, casais podem se separar de forma mais rápida, pelo cartório, amigavelmente. E há o divórcio judicial ou litigioso, feito diante de um juiz e que envolve questões mais complexas, como falta de consenso entre o casal, partilha de bens, pensão e guarda de filhos. “Se divorciar não é um processo rápido, pelo contrário. É um processo demorado e muito doloroso. Principalmente no aspecto emocional e no aspecto financeiro. Então, essa decisão de se divorciar envolve diversos fatores, que são impedimentos até para pessoa efetivar esse divórcio. Normalmente, a pessoa pensa um ano e meio, até dois anos, antes de se efetivar o pedido”, explicou Débora Guelman.

Em Belo Horizonte, um grupo terapêutico formado por três psicólogas e a advogada Gabriela Sallit foi criado para auxiliar mulheres que estão passando por esse momento. O grupo se reúne por meio de plataforma online, com participação de três a seis pessoas.

“O isolamento causado pela pandemia acirrou os conflitos nas relações, mas, por outro lado, dificultou o acesso aos advogados e ao Judiciário e a recursos essenciais em uma separação, como mudar de casa, por exemplo”, explica a psicóloga Lívia Guimarães, uma das responsáveis pela condução do grupo. O grupo reúne mulheres que passam pelo momento pós-divórcio e aquelas que ainda estão se preparando para tomar essa decisão.

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