O Brasil não está tão digital como querem. Ou como dizem. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo Enem, colocou algumas perguntas em seu questionário que mostram uma verdade escondida – de cada 4 candidatos inscritos, 3 não têm acesso à internet. Mais precisamente: 5.095.270 estudantes se inscreveram; 3.954.805 (77,6%) disseram não ter acesso à internet e 2.345.467 (46%) afirmaram não ter computador.
Quando se inscrevem, os candidatos recebem um formulário que deve ser preenchido com seus dados socioeconômicos. As informações são compiladas pelo Inep e divulgadas posteriormente. Os números do ano passado foram publicados no fim de junho.
Com a suspensão das atividades presenciais e a adoção de aulas remotas por conta da pandemia de coronavírus, milhares de candidatos ao Enem 2020 poderão ter dificuldades para acompanhar as aulas remotas, se a tendência do ano anterior se repetir entre os inscritos deste ano.
Outro dado: 2.202.984 candidatos (43%) disseram ter apenas um computador em casa, que precisa ser dividido com os pais e com os irmãos. O acesso foi maior em celulares, e apenas 2% dos candidatos disseram não ter o aparelho.
Em alguns estados, o programa escolar passou a ser emitido pela TV em canais educativos. Dos candidatos de 2019, apenas 5% disseram não ter aparelho de TV. A maior parte dos candidatos (69%) afirmou ter apenas uma. Sabe-se ainda que alunos de baixa renda desistiram do Enem e abandonaram os poucos cursinhos gratuitos durante a pandemia. Os motivos principais foram falta de computadores e de acesso à internet, ausência de ambiente adequado para o estudo em casa, problemas financeiros, que os fazem trabalhar mais, para ajudar a família e instabilidade emocional.
No Enem de 2019, quase 60% dos inscritos (2.980.446) pediu isenção da taxa de inscrição. Para ter acesso a este direito, o candidato se declara em situação de vulnerabilidade socioeconômica, ou membro de família com renda inferior a um salário mínimo. A maior parte (1.244.925) deles está concentrada na região Nordeste do Brasil – 41% dos estudantes. A região Sudeste fica em segundo lugar com 901.495 candidatos, ou 30%. Em seguida vem o Norte (406.827), o Sul (225.458) e o Centro Oeste (201741).
Por causa da pandemia, a solução adotada por escolas públicas e particulares foi o ensino à distância. E novos problemas começaraqm. Os professores de Sâo Paulo dizem que a plataforma da Secretaria de Educação é inadequada. E muitos professores da rede particular constataram que poucos são os alunos que realmente acompanham as aulas pela internet.