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quinta-feira, 28 março, 2024

Isolamento e hábitos online prejudicam o mundo todo

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Reproduzir clipes do Youtube pode ter uma pegada enorme de carbono se alcançar alguns bilhões de vezes, o que mostra que nada é de graça e que tudo tem um custo

É provável que você já tenha respondido alguns e-mails hoje, enviado mensagens pelo WhatsApp e feito uma pesquisa rápida no Google. À medida que o dia passa, sem dúvida ficará ainda mais tempo conectado, baixando fotos, ouvindo música e vendo vídeos. Cada uma dessas atividades online vem acompanhada de um custo para o meio ambiente – alguns gramas de dióxido de carbono são emitidos devido à energia necessária para rodar seus dispositivos e alimentar as redes sem fio acessadas. Isso sem contar com os datacenters e os servidores, necessários para armazenar, processar e distribuir o conteúdo consumido na internet, que talvez sejam os maiores sugadores de energia.

Embora a energia necessária para fazer uma simples busca na internet ou enviar um e-mail seja pequena, aproximadamente 4,1 bilhões de pessoas (53,6% da população mundial) estão conectadas atualmente. Ou seja, esses pequenos fragmentos de energia, e os gases de efeito estufa associados a cada atividade online, são multiplicados. A pegada de carbono dos dispositivos da internet e dos respectivos sistemas de suporte representa 3,7% das emissões globais de gases do efeito estufa, de acordo com algumas estimativas. É parecida à quantidade produzida pela indústria de aviação em nível mundial, explica Mike Hazas, pesquisador da Universidade de Lancaster (Inglaterra). A previsão é que essas emissões dobrem até 2025.

Se dividir a grosso modo as 1,7 bilhão de toneladas de emissões de gases de efeito estufa que se estima serem geradas na produção e operação de tecnologias digitais entre todos os usuários de internet no mundo, isso significa que cada terráqueo é responsável pela emissão de 400 gramas de dióxido de carbono por ano. Mas essa conta não é tão simples – esse número pode variar dependendo de onde o cidadão estiver. Os usuários da internet em algumas partes do mundo terão pegada de carbono desproporcionalmente grande.

Um estudo estimou que há 10 anos os usuários médios de internet na Austrália eram responsáveis pela emissão equivalente a 81 quilos de dióxido de carbono (CO²e) na atmosfera. As melhorias na eficiência energética, a economia de escala e o uso de energia renovável reduziram esse volume, mas as pessoas nos países desenvolvidos ainda são responsáveis pela maior parte da pegada de carbono da internet. CO²e é uma unidade usada para expressar a pegada de carbono de todos os gases de efeito estufa juntos, como se todos fossem emitidos como dióxido de carbono.

Uma das dificuldades em descobrir a pegada de carbono de nossos hábitos online é que não há amplo consenso sobre o que deve ou não ser incluído. Deve-se incluir, por exemplo, as emissões provenientes da fabricação dos hardwares de computação? E as emissões das equipes e dos edifícios de empresas de tecnologia? Até os dados sobre o funcionamento dos datacenters são contestáveis – muitos operam com energia renovável, enquanto algumas empresas compram créditos de carbono para compensar seu uso de energia.

Nos Estados Unidos, os datacenters são responsáveis por 2% do uso de eletricidade no país, enquanto globalmente representam pouco menos de 200 terawatt-hora (TWh). Mas, de acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), da Organização das Nações Unidas (ONU), esse número se manteve estável nos últimos anos, apesar do aumento do tráfego na internet. Isso se deve principalmente à melhoria da eficiência energética e ao movimento para centralizar os datacenters em instalações gigantes. Mas enquanto muitas empresas afirmam alimentar seus datacenters usando energia renovável, em algumas partes do mundo eles ainda são amplamente dependentes da queima de combustíveis fósseis. E pode ser difícil para os consumidores escolherem quais datacenters querem usar. Um estudo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, mostrou que estender de quatro para seis anos o tempo de uso de um computador e monitor pode evitar o equivalente a 190 kg de emissões de carbono na atmosfera.

Com base em dados antigos, algumas pessoas estimaram que seus e-mails podem gerar 1,6 kg de CO²e em único dia. A pesquisa na internet é outra área complicada. Há uma década, cada busca tinha uma pegada de 0,2 g de CO²e, segundo dados divulgados pelo Google. Hoje, o Google usa uma combinação de energia renovável e compensação de carbono para reduzir a pegada de suas operações, enquanto a Microsoft, dona do mecanismo de busca Bing, prometeu remover mais carbono da atmosfera do que emite até 2030. De acordo com os dados do próprio Google, um usuário médio dos seus serviços – alguém que faz 25 buscas por dia, assiste a 60 minutos de YouTube, tem uma conta do Gmail e acessa outros serviços da empresa – produz menos de 8 gramas de CO²e por dia.

Assistir a vídeos online representa a maior parte do tráfego da internet no mundo (60%) e gera 300 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, o que equivale a aproximadamente 1% das emissões globais, de acordo com o centro de estudos The Shift Project. Isto porque, além da eletricidade usada pelos dispositivos, há a energia consumida pelos servidores e redes que distribuem o conteúdo. Pesquisadores da Universidade de Oslo, na Noruega, descobriram que o impacto ambiental de ouvir música nunca foi tão alto – com uma pegada de 200 mil a 350 mil toneladas de CO²e somente nos Estados Unidos, proveniente de músicas baixadas em MP3 players. Acredita-se que as emissões associadas aos serviços de streaming de música possam ser ainda maiores.

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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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