Segundo a Anvisa, a fiscalização e o aumento de compras online durante a pandemia do novo coronavírus estão entre os motivos para o crescimento dessas ocorrências
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu alerta sobre o aumento de casos de falsificação de medicamentos no Brasil nos primeiros meses deste ano. Entre as falsificações, estão medicamentos usados no tratamento para hepatite C, vacina para a gripe e remédios para distúrbio do crescimento, obesidade e diabetes. Segundo a Anvisa, a fiscalização e o aumento de compras online durante a pandemia do novo coronavírus estão entre os motivos para o crescimento dessas ocorrências.
De acordo com a agência, cinco casos foram registrados neste ano – em 2018 foram três. No ano passado, foram quatro. “As denúncias foram recebidas em 2020. A partir da ciência desses fatos, a Anvisa começou os procedimentos de investigação com inspeção com a Polícia Civil dos estados. “Apesar de a gente ter identificado que em alguns casos a prática ocorria desde 2019, com a situação atual da pandemia, houve o aumento da compra pela internet, o que favorece a prática”, explica Mariana Collani, especialista em regulação sanitária da Anvisa. Falsificar medicamentos é considerado crime contra a saúde pública, com pena de dez a quinze anos de reclusão e multa.
Mariana diz que a maioria das falsificações registradas neste ano foi detectada em medicamentos adquiridos por meio de empresas que prestam assessoria para importação e fazem a entrega principalmente para planos de saúde. “Muitos casos de falsificação estão envolvendo a importação de medicamentos que tem sido feita pelos planos de saúde para atendimento de decisão judicial por meio de empresas de assessoria de comércio exterior. Nos casos atuais, são 80% com importação de empresas de assessoramento que têm fontes não idôneas no exterior para ter preço mais barato do que o detentor do registro teria no Brasil. Se a importação for necessária, é importante que o plano de saúde entre em contato com a empresa detentora no Brasil”, explica Mariana.
Ainda de acordo com Mariana, os casos ocorrem com mais frequência em medicamentos de alto custo, mas avalia que a população e os profissionais de saúde estão mais preparados para identificar os medicamentos falsificados. “Para consumidores, a compra deve ser feita somente farmácias e isso também se aplica à internet, onde farmácia e drogaria têm de ter um site com o domínio .com.br. Nunca comprar de pessoas físicas, em ruas, feiras ou redes sociais”, ela recomenda.
Segundo Mariana, além da compra em local autorizado, o consumidor deve observar a integridade do lacre de segurança, holograma, número de lote, data de validade e fabricação. Caso faça tratamento com o medicamento, a pessoa pode comparar as embalagens. “Na embalagem externa, observar se tem erros de português, sinais de que informações foram apagadas, alguma etiqueta colada ou impressão falha e a rotulagem deve ser em português”.