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quinta-feira, 18 abril, 2024

Algumas pirâmides, da Albânia às bolachas do Brasil

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Golpes de pirâmides (também conhecidos pelo sofisticado nome de  Marketing Multinível) já prejudicaram milhões de brasileiros. Por aqui, os famigerados Telex Free, BBBom, Boi Gordo, Avestruz e outros não conseguiram envolver e enganar mais de 10 % do povo. Mas num país europeu, a Albânia (recém saída de meio século de comunismo), 2\3 da população caíram das pirâmides. Em 1997, o país mais pobre da Europa quebrou, virou caos, incêndios, saques e falências, com queda do governo, guerra civil, mais de 3.700 mortos e mais de cinco mil feridos. As pirâmides são golpes que criam redes de “consumidores” (não para produzir e vender produtos) mas apenas para um tomar o dinheiro do outro, e mais outros, numa progressão infinita e criminosa.

A Revolta das Pirâmides ou Anarquia na Albânia assustou a Europa. O país tinha sido dominado pelo ditador comunista Enver Halil Hoxha durante quarenta anos (ele morreu em 1985). O comunismo durou até 1992. Então, a Albânia (que era do tipo Coreia do Norte, fechada para o mundo) começou a se liberar economicamente e o povo, faminto, não sabia nada de investimento, produção liberal, lucro etc. Tinha de reaprender a ganhar dinheiro, progredir, enfim, tornar-se capitalista como seus desenvolvidos vizinhos europeus. Esquemas e “fundos de investimentos” com funcionários públicos corruptos ofereciam as pirâmides (já que muitos exilados voltaram a viver na Albânia e traziam dólares, libras, francos, liras para seus simplórios parentes).

Os golpistas ofereciam lucros de 20% mensais, tentadores para a maioria dos albaneses que ganhava 80 dólares por mês. Como cada “investidor” tinha de trazer mais meia dúzia de incautos, a economia quebrou e não havia mais dinheiro e nem pessoas para entrar nos golpes. Albaneses venderam casas, carros podres, bicicletas etc. por causa das pirâmides. O dinheiro sumiu (dizem que foi pros cofres da máfia albanesa). Na “rua da amargura”, começou o quebra-quebra. Em março de 1997, a ONU chegou à Albânia com ajuda humanitária. Em poucos meses, a Albânia tinha virado uma Venezuela. A anarquia tomou conta do país e os governantes fugiram (com dinheiro, é claro).

Também nos anos 90, brasileiros caíram no Golpe da Bolacha.  “Empresários” tupiniquins deram seriedade pra uma pirâmide que caçou incautos na produção de um fermentado que viraria perfume (Argh) na Europa. Num prédio luxuoso de Ipanema (point de artistas e novos-ricos), os golpistas contratavam pessoas ambiciosas pra fazer bolachas em casa. A empresa vendia o kit por um salário mínimo pra uma pessoa e esta trazia mais duas, três ou mais para “crescer” nos negócios. Quem trazia mais gente ganhava um mimo, um pin, diploma ou uma mixaria em dinheiro. Era “a terceirização industrial”, que iria destinar muito lucro diretamente para as pessoas e não para empresários. A pirâmide foi um sucesso; milhares de pessoas perderam tudo. Só não continuou encantando os bolacheiros porque os golpistas sumiram do Brasil.

GALDINO MESQUITA

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