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sábado, 20 abril, 2024

A sabedoria ensina que o futuro a Deus pertence

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Três vezes prefeito de Jundiaí, deputado estadual e federal, Miguel Haddad afirma à Urbem Magazine não ter pretensões a cargos eletivos.

Miguel Haddad nasceu em Jundiaí. Formado em Direito pela UniAnchieta, iniciou sua carreira política em 1982, quando se elegeu vereador. Em 1988 foi reeleito e, em 1992, disputou o cargo de vice-prefeito pela Prefeitura de Jundiaí, sendo eleito. Em 1994 elegeu-se deputado estadual. Dois anos depois foi eleito prefeito, com ampla maioria de votos, se reelegendo em 2000, exercendo o segundo mandato até 2004.

Voltou a ser eleito prefeito em 2008, com fim do mandato em 2012. Em todas as eleições para prefeito conseguiu vitória no primeiro turno. Em 2014 elegeu-se deputado federal. No Estado de São Paulo, ocupou a função de presidente e vice-presidente do Diretório Estadual do PSDB. Foi também presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) do Estado de São Paulo e do Aglomerado Urbano de Jundiaí (AUJ), formado por sete cidades.

No fim de abril MH encerrou seu mandato como deputado federal suplente na Câmara. Como foi esse período?
Foram oito meses representando Jundiaí, nossa região e o estado de São Paulo no Congresso. Nesse período pude reforçar, em discussão no plenário, os meus posicionamentos contra o aumento do fundo eleitoral e a favor da prisão em segunda instância. Em recursos, conseguimos R$ 2 milhões, via governo estadual, para o custeio do Grendacc, e R$ 7 milhões para a Saúde dos municípios e para as entidades de Jundiaí e região. Com a chegada da pandemia, votamos a favor da criação do auxílio emergencial e, posteriormente, pela extensão do benefício para diferentes segmentos da sociedade. Os deputados paulistas, ainda, enviaram os R$ 219 milhões em emenda da bancada para o combate ao coronavírus no estado de São Paulo. Todas as votações relacionadas à covid-19 ocorreram de forma inédita no País, com os deputados cumprindo quarentena em seus municípios e participando das sessões de maneira remota, por videoconferência. Apesar de o período ser relativamente curto, foi de muito trabalho e conquistas para a nossa região.

O trabalho de um deputado não se resume em votar nas sessões de Câmara. Há as comissões, e há o trabalho de gabinete. O que o deputado tem conseguido para a cidade e para a região com esse trabalho de gabinete?
Durante o mandato parlamentar, o trabalho de gabinete, podemos dizer, esteve muito mais direcionado aos municípios e às visitas às cidades da região do que propriamente numa sala em Brasília. Destinamos, nos quatro anos de mandato, mais de R$ 25 milhões somente para as sete cidades que compõem o Aglomerado Urbano de Jundiaí e mais de R$ 40 milhões quando somadas as emendas para todo o estado. Cada recurso contou com o suporte técnico da nossa equipe até a liberação dos valores e, posteriormente acompanhamos os investimentos visitando as entidades e municípios da região.

Seguramente, MH é um dos políticos mais queridos da população. Pretende um dia voltar à prefeitura?
Não tenho essa intenção.

Por qual razão?
É motivo de orgulho para qualquer pessoa ser prefeito de uma cidade como Jundiaí. Eu vivi esse privilégio por três oportunidades e dei o melhor que pude, como administrador, a minha cidade. Há outras maneiras, como cidadão, de continuar a trabalhar, não só por Jundiaí, como por nossa região.

Ao longo da carreira, alguma vez viveu um momento de crise e insegurança como o atual? Se sim, ou parecido, quando?
Tivemos momentos difíceis no final do segundo mandato da presidente Dilma, notadamente no aumento do desemprego, que até hoje afeta milhões de trabalhadores. O momento atual, no entanto, é diferente. Há o receio, espero infundado, de rompimento da ordem institucional e a isso se soma a pandemia, que tem feito milhares de vítimas, além do temor do colapso econômico. Não tenho notícia de outro período da vida nacional cercado de tantas incertezas e de desafios de tal gravidade. Sou, todavia, uma pessoa que sempre procura ver o lado da solução. Para isso precisamos, ao invés dessa divisão que existe hoje na sociedade brasileira, fazer o que for possível no sentido de conseguir uma união nacional. Desunidos, discutindo questões que não são prioritárias, pagaremos um preço muito alto, que poderá comprometer nosso futuro.

Na época em que Collor assumiu a presidência da República, MH era vereador. Imaginava um dia estar próximo de uma casa (Câmara) onde se discute o futuro do país e da presidência?
No exercício da ação política, o futuro do País é sempre o fundamento sobre o qual se assentam as demais discussões. Mesmo na Câmara Municipal, a discussão nacional está presente. O que há, na Câmara Federal e no Senado, é a participação efetiva no processo decisório, de maneira concreta, na votação das propostas para a construção do nosso futuro. É uma grande missão. Daí a importância da conscientização do eleitor, o responsável pela escolha dos que serão eleitos. A qualidade do Congresso depende essencialmente dessas escolhas.

O que deputados e senadores podem fazer para amenizar a situação causada pela pandemia?
A bancada paulista dos deputados, por exemplo, de forma suprapartidária, dedicou as suas emendas parlamentares, em sua totalidade, para o combate à pandemia. Mas é preciso fazer mais. Da minha parte, defendi publicamente o repasse do Fundo Eleitoral, assim como a redução dos salários dos congressistas, para o mesmo fim.

As medidas propostas pelo Governo Federal até agora são suficientes para resolver pelo menos parte do problema que todos os brasileiros enfrentam?
No presente, não conseguimos ver ainda uma proposta estruturada para encaminhar as soluções para os problemas nacionais, principalmente para combater a inaceitável desigualdade, um fator preponderante do atraso brasileiro. Com a pandemia, a situação tornou-se ainda mais difícil e o Brasil precisa, com urgência, de ações nesse sentido.

Particularmente, teria alguma ideia para colaborar na solução desses problemas?
Muitas. Para começar, é preciso acabar com o excesso de burocracia e com o disfuncional sistema de impostos, amarras que tolhem o nosso desenvolvimento. E voltar às ações de Estado para a diminuição da desigualdade, investindo, como fez Jundiaí, em saneamento básico e educação, entre outras medidas. Há muitas propostas boas e que funcionam. O problema é encontrar um governo que consiga viabilizá-las, adotando-as como prioridade.

Durante o governo FHC Jundiaí conseguiu muitas coisas do Governo Federal, como recurso para a implantação do Situ. Hoje está muito mais difícil ou é uma dificuldade normal?
As dificuldades são parte do processo na busca por um convênio ou um recurso para a cidade. O que mudam, com o passar dos anos, são os procedimentos, as questões técnicas para a implantação de um serviço que dependa do governo federal.

O governo estadual é do mesmo partido de MH. Há diálogo, no sentido de canalizar recursos e benefícios para Jundiaí e Região, ou seria interferência de um deputado federal? Há quem entenda que isso é assunto para um deputado estadual.
Conseguir benefícios para a nossa região é uma tarefa de todos que para ela possam contribuir. Agora mesmo, antes de deixar a Câmara Federal, consegui a indicação de uma emenda estadual no valor de R$ 2 milhões para o Grendacc – já depositado em sua conta – o que permite a essa conceituada instituição dar continuidade ao seu imprescindível trabalho.

O deputado pensa um disputar, um dia, cargos mais relevantes em SP e mesmo no Brasil, como o governo paulista ou o Senado?
A sabedoria ensina que o futuro a Deus pertence. O que posso dizer, repetindo o que falei, é que, como cidadão, darei continuidade ao meu trabalho em prol da nossa região, independentemente de mandato.

Urbem
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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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