Algo nobre e pregada por todas as religiões. Poder ajudar, um gesto de amor ao próximo. Mas caridade tem limites. E limites claros, que precisam ser expostos e aceitos. Se antes eram os frequentadores do SOS que incomodavam os moradores do Anhangabaú, em Jundiaí, seguidos pelos alimentados pela Casa de Santa Marta, na Praça das Bandeiras, hoje são os que procuram o restaurante Bom Prato, no Centro, para fazer da vida de todos um inferno.
A intenção do Bom Prato é sublime – proporcionar alimentação à população de baixa renda. Por R$ 1 se almoço ou janta, e por R$ 0,50 se toma o café da manhã. Foi excelente durante muito tempo, mas agora, com a pandemia, com o isolamento social, o Bom Prato é um polo irradiador de problemas.
Explica-se. A refeição agora é servida em marmita, ninguém mais se senta para comer. Esse o primeiro problema. O segundo – além da população que realmente necessita, e que merece ajuda, apareceram os vagabundos de carteirinha, viciados e outros que estão à margem da sociedade em busca do Bom Prato. Como esses desocupados tomam café da manhã, almoçam e jantam às custas do contribuinte, ficam nas proximidades. Muitos até dormem no centro, ocupando áreas cobertas em frente a prédios, calçadas e praças. Dormem e se sentem em uma suíte – urinam e defecam no mesmo lugar, onde já estão jogados os restos de suas marmitas e o corote vazio de cachaça.
Não raramente brigam. Brigam por drogas, por causa de mulher. Brigam por qualquer motivo. E não se importam em provocar tumulto durante a madrugada. Muitos andam com seus cães, tão famintos quanto os donos, e menos porcos que eles. Cães procuram o poste para urinar, mas para defecar, qualquer chão serve.
Seria o caso de se rever essa política de caridade. Seria o caso da Polícia Militar, da Guarda Municipal estarem presentes no Bom Prato, fiscalizando seus frequentadores. Seria o caso também de dar uma olhada mais apurada no Centro durante a noite.
Caridade é algo sublime, mas repetimos, há limites. Não se pode sacrificar milhares de pessoas que trabalham o dia todo e precisam descansar à noite com o barulho dos desocupados. Não se pode permitir que pessoas que lutam pelo sustento sejam obrigadas a dar dinheiro ou cigarros para quem nada produz. Isso não é caridade. É coisa de parasita mesmo.