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quinta-feira, 28 março, 2024

Que vergonha!

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Na última sexta, 1º de maio, fez 26 anos o acidente que tirou a vida de Ayrton Senna. Pouca gente se lembrou – bem entendido, gente que teria obrigação de se lembrar. Exceto as redes sociais, onde proliferaram posts sobre a vida do piloto, as emissoras de TV que se dedicam exclusivamente ao esporte, deixaram a data passar em branco.
Burrice dupla. Uma que mantiveram em suas programações reprises de jogos de futebol antigos, a selvageria do UFC e os intermináveis debates (via internet) dos entendidos em tudo. Coisa mais que chata. Mais que enfadonha. Burrice também porque Senna ainda dá muita audiência.

Quem fez a programação dos canais do Sportv (ligados à Globo) deve ter fumado alguma coisa estranha para se esquecer de Ayrton Senna, indiscutivelmente o melhor piloto de Fórmula 1 que o Brasil já teve. Foi ele também o último ídolo do país – e hoje não há ídolos, somente arremedos deles.

Senna correu numa época em que havia muitos outros bons pilotos, como Alain Prost e Gerard Berger. E até Shumacher chegou a brigar por posições com Senna. Nelson Piquet também estava lá. Senna foi o herói que parava o país nos domingos de manhã, com todos os brasileiros torcendo, dirigindo com ele, esperando ouvir a música que anunciava suas vitórias.

Três vezes campeão mundial de F1, Senna começou como a maioria, em equipes pequenas. E nessas equipes, com carros não competitivos, mais fracos, mostrou seu valor. Ou alguém acreditava que ele pudesse vencer o Grande Prêmio de Estoril, em Portugal, com aquele calhambeque? Senna voava baixo, em pista seca ou encharcada. Correndo com motor Honda, conquistou o Japão – para os japoneses, Senna era um deles.

Senna morreu pela irresponsabilidade de sua equipe, a Williams. E ninguém foi punido. Fizeram um inquérito meio água com açúcar e o assunto foi esquecido. Assunto, no caso, era a barra de direção que deveria ter sido substituída, mas que foi soldada e se quebrou, furando seu crânio. O enterro de Senna comoveu o mundo.

E, como por aqui tudo é na base do momento, a memória se foi. Hoje somos um país carente de heróis, de ídolos de verdade. Dá-se valor a qualquer mané que apareça fazendo algo diferente. Tudo é passageiro. Logo Pablo Vitar estará esquecido (a). Logo duplas sertanejas ficarão esquecidas. Logo não haverá mais Jojô Todinho nem Ludmila.
Senna está na história do automobilismo mundial desde que fez seu primeiro teste em Silverstone. Era conhecido por acertar carros conforme o circuíto, muitas vezes contrariando engenheiros e seus computadores. Sempre deu certo – ele tinha intuição, sentia o carro. Discutia os detalhes com mecânicos, e sua opinião sempre prevalecia – ele tinha razão.

Mas, como somos um país de memória curta, Senna foi esquecido no fim de semana. Parecia não ter existido. Ficou em segundo plano, suplantado pela idiotice dos programadores de TV, principalmente os canais dedicados ao esporte, que escolheram colocar no ar seu acervo de porcarias. Fossem eles inteligentes teriam feito uma programação especial, de sexta a domingo. E teriam mostrado a todos o que era ser um herói de verdade. Enfim, que viva a Ludmila e a Jojô Todinho.

ANSELMO BROMBAL
Jornalista

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