publicidadespot_imgspot_img
19.3 C
Jundiaí
sexta-feira, 22 novembro, 2024

O homem da água

publicidadespot_imgspot_img

Eduardo dos Santos Palhares, o Edu Palhares, pode ser considerado um dos responsáveis por grandes transformações na cidade. Aos 63 anos, e pela segunda vez presidindo a DAE, Palhares estudou em escolas públicas (Siqueira de Moraes, Colégio Estadual José Romeiro Pereira (antigo Geva), Escola Estadual Ana Pinto Duarte Paes e graduou-se em Administração de Empresas na UniAnchieta. De 14 de dezembro de 1957 (quando nasceu em Jundiaí, no Hospital São Vicente) até hoje, tem uma carreira brilhante. Filho de Graça e Mário, tem um irmão, João. Marido de Elizelma Martins Caceri, é pai de quatro filhas – Carol, Juliana, Patrícia e Mariana – e tem quatro netos – Lucca, Elis, Alice, Luigi e Bernardo.

Palhares está à frente da empresa da família Palhares desde 1978; presidiu o Clube Jundiaiense duas vezes; foi presidente do Paulista Futebol Clube de 1998 a 2010 (em 2004 o Paulista foi vice-campeão estadual e em 2005 campeão da Copa do Brasil, dando-lhe direito de disputar a Copa Libertadores da América em 2006); foi também superintendente da Fumas três vezes e agora preside a DAE pela segunda vez. Nesta semana, Eduardo Palhares falou à Urbem Magazine.

Estamos entrando no período de estiagem. Jundiaí está preparada para a falta de chuvas?
Sim, Jundiaí é uma cidade que pode se orgulhar por ter segurança hídrica, ou seja, que dificilmente irá sentir problemas com falta de água. Isso deve-se às diversas ações realizadas ininterruptamente pelas administrações que passaram pela DAE e Prefeitura de Jundiaí.
Tenho orgulho em ter colaborado com Jundiaí estando duas vezes na presidência da DAE. No fim de 2008, quando concluiu a primeira gestão na DAE, entregou 72 km de novas redes de água, totalizando 1.500 km de redes de água. Em redes de esgoto, implantou 44 km de novas redes, totalizando 705 km na cidade.
Naquela época, já desapropriamos a represa Rio das Pedras, que irá fazer parte do novo Complexo do Represas do sistema Caxambu. Outro destaque foram as desapropriações na área da represa de Acumulação, o que garantiu o início da ampliação da mesma.
Nesta gestão, posso destacar a ampliação da reservação. As obras do novo Vertedouro ampliaram em 12% a capacidade de armazenamento de água bruta, passando de 8,3 para 9,3 bilhões de litros na represa de Acumulação.
O aumento da reservação de água tratada também está na pauta. A construção de quatro novos reservatórios nos bairros do Cecap, FazGran, ETA-A e Jardim Carlos Gomes e a reforma do R13, no Distrito Industrial, vão garantir a reservação de mais 26 milhões de litros de água tratada, uma segurança a mais para o jundiaiense em momentos de paralisação do abastecimento por conta de manutenções preventivas e emergenciais.
Além de garantir a água, desenvolvemos um tra balho para levar água e esgoto a todos os locais que ainda não contam com a rede pública. A DAE tem feito deversas obras em bairros afastados, atendendo desde pequenas até as grandes comunidades. Dessa maneira, a empresa iniciou em 2020 o desenvolvimento de projetos executivos de redes de água e esgoto, que serão concluídos no 2º semestre deste ano, uma maneira de agilizar as futuras contratações das obras.

A principal represa da cidade, no Horto Florestal, tem qual capacidade de armazenamento? E esse volume abastece a cidade por quanto tempo, caso não chova?
Como explicado, as obras do Vertedouro ampliaram a capacidade de armazenamento para 9,3 bilhões de litros de água. Sem receber uma única gota de água de chuva ou do rio Jundiaí Mirim, que abastece nossa represa, esse volume de água abastece a cidade por três meses. No entanto, como sabemos que Jundiaí não é uma cidade rica em recursos hídricos, em 2017 a Prefeitura e a DAE Jundiaí conquistaram a renovação da outorga que autoriza a cidade a captar água dos rios Atibaia e Jundiaí Mirim, do Ribeirão da Ermida e do Córrego da Estiva. O documento tem validade de dez anos.
Desde abril de 2016, Jundiaí estava sem a outorga que concede a captação de água dos mananciais da região. Atualmente, em virtude do período de estiagem, estamos com três das quatro bombas ligadas para fazer a reversão do rio Atibaia. Isso oferece mais tranquilidade para a cidade. Mas é importante salientar que essas três bombas, ligadas 24 horas por dia, aumentam em R$ 700 mil por mês o desembolso da empresa para pagamento da conta de energia.
A DAE também está construindo novas represas. Quais são e com qual capacidade cada um? Sim, a DAE está desenvolvendo a implantação do Conjunto de novas represas do Sistema Caxambu, que fica no Vetor Oeste. É um importante trabalho que irá garantir a captação dos últimos mananciais com recursos hídricos disponíveis em Jundiaí. São mais 370 litros de água por segundo, com volume aproximado de 3,5 milhões de litros de água em reservação em três novas represas, que estarão localizadas na Fazenda Ribeirão (abastecida pelo Ribeirão Ermida), Rio das Pedras (abastecida pelo rio das Pedras) e Fazenda Cachoeira, próxima ao novo centro de logística da Natura e Sítio São Francisco (abastecida pelo Ribeirão Cachoeira Caxambu). O complexo ainda vai contar com o sistema de adução, que já está com levantamento topográfico e cadastral em andamento, além de uma nova Estação de Tratamento de Água. Esse é um importante projeto para ampliar a segurança hídrica do município, com os últimos recursos hídricos de superfície disponíveis no munícipio.
Atualmente, a população do Vetor Oeste é de aproximadamente 140 mil pessoas. As futuras represas vão possibilitar a expansão do parque industrial na região, que é de extrema importância para a economia de Jundiaí e para o crescimento dos empregos na cidade.

Qual a porcentagem das casas de Jundiaí abastecidas com água da DAE?
Jundiaí atende 99,07% da cidade com água tratada (SNIS 2018). Mas estamos atuando para chegar a todos os pontos. Sempre falo que queremos “gabaritar” a cidade, tanto com redes de água como de esgoto.

Qual a porcentagem da água consumida pela indústria local?
As ligações industriais representam em torno de 15% do consumo total. A maior parte é consumida pelas ligações residenciais, representando 77% do total.
Com a pandemia, houve queda na atividade comercial e industrial. Diminuiu também o consumo de água das indústrias e do comércio? E com as pessoas em casa, isoladas, aumentou o consumo doméstico?
Até o momento, desde o início da quarentena, a DAE registrou aumento médio no consumo de água de 3%, registrado especialmente em bairros mais residenciais.

Onde a DAE capta sua água?
95% da água que abastece a cidade é proveniente do rio Jundiaí Mirim, que nasce na divisa de Jarinu (Córrego do Tanque) e Campo Limpo Paulista (Ribeirão do Perdão). Em toda sua extensão é o único classe 1 (de excelente qualidade) em uma região com 71 cidades, de acordo com a resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Suas águas abastecem as represas de Acumulação e de Captação. Os outros 5% da água são provenientes do Córrego Japi (ou Estiva), que abastece a represa do bairro Moisés (próximo ao Jardim Samambaia) e segue para tratamento na ETA-A; do Ribeirão Ermida, que abastece a represa na Serra do Japi e do Rio Atibaia , a partir da Casa de Bombas na divisa com Itatiba e segue por adutora até a represa de Acumulação, no entorno do Parque da Cidade. É o manancial usado em épocas de estiagem.

Qual o total da rede de distribuição de água na cidade?
De 2017 até hoje, são 95 km de novas redes de água (fiscalizadas e executadas) totalizando 1.942,56 km, uma distância, em linha reta, de Jundiaí a Maceió, no estado de Alagoas. Em extensão de redes de esgoto, desde 2017, foram recebidos e executados 63 km de novas tubulações, chegando a 998,74 km de redes, em linha reta, praticamente a distância de Jundiaí a Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Esses números mostram que há uma “cidade subterrânea” em tubulações.

Quantas estações de tratamento de água temos hoje? Há previsão de expansão, de novas estações?
Hoje temos duas. A maior e que abastece praticamente toda a cidade é a Estação de Tratamento de Água do Anhangabaú (ETA-A). Também contamos com a Estação de Tratamento de Água do Eloy Chaves. Há o projeto da nova estação que irá atender o novo Complexo de Abastecimento do Vetor Oeste. Hoje a ETA-A tem capacidade para tratar 1.800 litros por segundo. Dentro de um contexto do crescimento e desenvolvimento da cidade, estamos com obras para ampliar para 2.400 litros por segundo. São intervenções para otimização do espaço de tratamento com troca de sistemas e equipamentos, além da impermeabilização dos decantadores, novos aparelhos de filtragem e a renovação do sistema para floculação.

Quantos reservatórios temos em bairros?
Jundiaí conta com 53 reservatórios em diversos bairros.
Qual a porcentagem do esgoto tratado em Jundiaí? E o volume?
Jundiaí tem 98,23% (SNIS 2018) da cidade atendida por coleta de esgoto. Mensalmente, são 3.000 m3. Com relação ao tratamento, 100% do que é coletado é tratado.

Além de seu trabalho, captar, tratar e distribuir a água, a DAE tem outros programas, voltados a escolas, como visitas à ETA. Quais são os programas?
Acreditamos que, além de oferecer saneamento de qualidade para Jundiaí, a DAE tem a missão de disseminar a educação ambiental, o uso racional da água e a importância da preservação, não somente dos mananciais, mas principalmente das nossas nascentes.
A DAE conta com o programa Águas de Jundiaí, que trabalha com público de todas as idades, desde as crianças, passando por universitários, empresário, até com a terceira idade. Nesse programa os visitantes conhecem o caminho que a água percorre desde a represa até ser devolvida à natureza após o tratamento de esgoto.
Há visitas à nossa Estação de Tratamento de Água no Anhangabaú e também à Estação de Tratamento de Esgoto no Novo Horizonte. Mas tem um programa que tenho um carinho especial, o Guardiões das Águas, no qual envolvemos as crianças de bairros da região do Caxambu para que elas aprendam a importância de proteger as nossas nascentes. Trabalhamos com os pequenos cidadãos para que, desde jovens, cultivem o amor e carinho por cada nascente e assim possam crescer como defensores e protetores dessas importantes nascentes de água, que abastecem a nossa cidade.

O Parque da Cidade, considerado o Ibirapuera do Interior, é administrado pela DAE. Qual o tamanho do parque e o que ele oferece?
O Parque da Cidade conta com 500 mil metros quadrados com atrações para toda a família. O Parque é um dos locais preferidos não só pelos jundiaienses, como pela população da região. Aliás, a ampliação da área de preservação da represa é um assunto não sai da pauta da DAE, atualmente estamos construindo o Mundo das Crianças, com o intuito de trazer um espaço com brincadeiras lúdicas, aproximando a criança e a família do meio ambiente. Na primeira etapa, o Mundo contará com 170 mil metros quadrados, procurando trazer ao jundiaiense e população da região um local democrático.

Por causa da pandemia o parque está fechado. Há previsão de reabertura?
Seguimos os decretos da Prefeitura de Jundiaí, que sempre buscam colocar a saúde dos moradores em primeiro lugar.

Por que a escolha de Eduardo Palhares duas vezes como presidente da DAE?
Para ocupar um cargo de tal relevância é preciso ter experiência e montar uma boa equipe técnica, com conhecimento tanto na área pública como em saneamento. Por isso, trouxemos assessores que já haviam atuado na empresa anteriormente, inclusive servidores aposentados.

Como é ser presidente, mas ter que responder a um conselho? E como vocês alinham o planejamento do dia a dia?
Nosso Conselho de Administração tem papel de suma importância. É composto por executivos, doutores em suas áreas e com experiências anteriores em saneamento. Além de fazer sugestões, analisar e aprovar as principais decisões da empresa, eles participam do nosso dia a dia.
O planejamento é realizado com a participação dos servidores, diretoria e conselho, valorizando a experiência de todos os envolvidos. Isso tem nos possibilitado traçar metas para gabaritar a cidade no quesito saneamento. Para isso, estamos iniciando nos próximos meses importantes obras de água e esgoto em bairros mais afastados como Champirra, Mato Dentro, Poste, Traviú, entre outros.

Não há como negar que Eduardo Palhares provoca polêmicas. Quando presidente do CJ, adotou medidas modernizantes, algumas criticadas na época, mas hoje aplaudidas pelo vanguardismo. Quais foram essas medidas?
Me vejo como uma pessoa realizadora. Gosto de fazer a diferença nos locais por onde passo, sempre procurando montar boas equipes e trazer boas idéias. Olhando para minha história posso dizer, com humildade e também orgulho, que consegui oferecer modernizações às empresas que tive o prazer de liderar.
Enquanto presidente do Clube Jundiainse, construímos, na primeira gestão, na sede de Campo o Centro Futebolístico (com três campos de futebol), o salão social, uma quadra de areia iluminada, reformamos duas quadras de bocha. Na sede Central reformamos a sala da diretoria. Além disso, trouxemos o concorrido Baile do Hawaí, que é uma festa tradicional da cidade e referência em toda a região.
No segundo mandato o destaque ficou para a construção do Centro de Apoio Tenístico – Tennis Garden, além de promover o Plano Diretor, que possibilitou as melhorias na infraestrutura, realizando a implantação de galerias de águas pluviais, a primeira estrutura da academia e a boate Night Club.

Como presidente do Paulista FC, colecionou títulos – foi o presidente que mais títulos trouxe ao clube. Na época também se criticou a parceria com a Parmalat, a mudança do nome para Etti, mas as críticas morreram assim que os títulos vieram, inclusive a Copa do Brasil de 2005. Hoje o Paulista vive uma crise sem precedentes. Há solução para essa crise?
Em primeiro lugar, a cidade precisa abraçar o Paulista. Por estarmos muito próximos à Capital, os jundiaienses torcem para as grandes equipes do futebol paulista. O desenho do futebol brasileiro é equivocado, toda a arrecadação de direitos de transmissão dos jogos é advinda apenas pelas equipes que pertencem às séries 1 e 2, seja em relação ao Campeonato Brasileiro ou aos campeonatos estaduais. Sendo assim, as demais equipes não pertencentes a esse grupo ficam à margem de receitas. Para isso, teríamos de modernizar o futebol de uma maneira geral, procurando exemplos de sucesso, estabelecidos na Inglaterra, Alemanha, Espanha, valorizando o grande celeiro do futebol brasileiro, isto é, os times das cidades do interior do Brasil

Em 1992, como candidato a vice-prefeito, junto com Ary Fossen, tinha um comportamento atípico de um empresário e até de um candidato. Foi às ruas pedir votos, sentou na sarjeta para comer de marmita e não deixava ninguém sem resposta. Isso ajudou, e muito, conseguir votos, pois mostrou-se uma figura popular, um igual. Faria tudo de novo?
Não me arrependo do que fiz, até mesmo porque fiz com amor e prazer, apenas seguindo os meus princípios aprendidos com mamãe e papai (sim, é assim que sempre vou me referir a eles). Fui apenas quem eu sou e isso me ajudou a construir essa bela carreira na área pública da qual me orgulho. No entanto, hoje não tenho aspirações para concorrer a novas eleições.

Como o Eduardo Palhares enxerga esse novo momento que o mundo vive, em meio à pandemia do novo coronavírus?
Infelizmente essa pandemia irá matar mais que muitas guerras. Hoje vejo que pude ajudar lá atrás no enfrentamento que Jundiaí. Foram 10 anos como superintendente da Fumas, quando erradicamos 16 núcleos de submoraddias, participando de projetos habitacionais que colaboraram para elevar o IDH do município. Minha história na Fumas é um período que me traz muita satisfação. Foi uma honra ajudar as centenas de famílias que puderam realizar o sonho da casa própria, ter acabado com boa parte dos barracos, favelas de Jundiaí, em especial, o já demolido e desumano Hospital Psquiátrico, que abrigava dezenas de famílias em condições sub-humanas. Essas pessoas hoje vivem com dignidade e qualidade de vida. Nesses 10 anos que estive à frente da Fumas, entregamos uma casa e meia por dia. Tenho muita gratidão por ter feito parte dessa equipe.
O coronavírus também nos lembrou que o saneamento é de extrema importância para a saúde pública. A DAE tem um papel preponderante nesse momento. Mantemos os serviços 24 horas por dia, 7 dias por semana para que a água tratada com qualidade chegue na casa dos jundiaienses, assim como a coleta e tratamento de esgoto. Assim como muitas empresas, primamos pelos nossos servidores realizando os afastamentos necessários, colocando boa parte da equipe em teletrabalho, mas sem deixar de atender Jundiaí com qualidade. Sem dúvida, ter experiência na área pública e de saneamento para enfrentar essa situação única que o mundo vive, tem sido primordial.

Urbem
Urbemhttps://novodia.digital/urbem
A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
PUBLICIDADEspot_img

SUGESTÃO DE PAUTAS

PUBLICIDADEspot_img

notícias relacionadas