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quarta-feira, 4 dezembro, 2024

77 anos de idade, 55 de carreira – este é o ator Silvio Matos

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Ele é o ator que mais interpretou personagens padres na televisão brasileira, mas o boom do sucesso veio na internet, com Parafernalha

Silvio Matos, hoje morando no Rio de Janeiro, se considera um ator desconhecido do teatro. Não é o que pensam seus milhões de admiradores. Seu canal no Youtube, criado por acaso, tem mais de 500 mil seguidores. O amor pelo trabalho o fez passar por situações que hoje a juventude consideraria humilhantes, mas aos poucos conquistou seu lugar.

Nascido em Minas, em São Vicente, Silvo é o segundo de uma família humilde com dez irmãos. Aos 12 anos, já morando em Lorena (Vale do Paraíba), ficou órfão e precisou ir para o trabalho. Conseguiu seu primeiro emprego na Rádio Cultura de Lorena, como operador de som. Na realidade, seu sonho era ser um ator de rádio.

A rádio colocou o teatro em sua programação, e Silvio, que já dominava a mesa de som, pediu uma oportunidade. Passou pelo teste. Na Cultura, fez locução e aos domingos fazia programa de humor em auditório, sensação na cidade. “Então apareceu a oportunidade de ir pra São Paulo trabalhar com um amigo de Lorena, que tinha se mudado pra lá há algum tempo, e que a filha dele era cantora, e estava fazendo um certo sucesso, e essa era uma época em que os cantores tinham que ir em todas as rádios pedir pra tocarem seus discos, isso era chamado de caitituagem, e quem fazia isso era o pai dela que era meu amigo… “

Silvio ficou um ano caitituando, de olho em outras oportunidades – indo às emissoras paulistas, poderia ter alguma chance de nelas trabalhar. Mas isso não aconteceu e ele deixou de trabalhar com o amigo. Passado um tempo, encontrou outro amigo, também amigo do conterrâneo, que estava trabalhando no Teatro Record Consolação. Silvio foi ao teatro e conseguiu emprego na produção do figurino de “Boa Noite Betina”, um musical que tinha no elenco Procópio Ferreira, Otelo Zeloni, Anita Leoni e outros artistas de peso.

Terminada a temporada da peça, Silvio sentiu o medo do desemprego. Mas, pelos corredores, ouviu dizer que Procópio Ferreira precisava de um camareiro para outra peça. Procurou saber o que fazia um camareiro e ficou até o fim da temporada, cuidando dos figurinos de Procópio e de Otelo Zeloni.

Sempre de olho nas oportunidades, Silvio ficou sabendo que Procópio estava testando figurantes para uma peça que seria encenada numa excursão pelo Brasil. Precisou insistir para o teste e acabou aprovado. “Foi ai que comecei minha carreira como ator profissional, em junho de 1962, e estreei no Teatro das Artes em Belo Horizonte com a peça policial “Nina” no papel de um detetive. O nervosismo era imenso, mas me sai bem – até o Procópio Ferreira elogiou”. Das sete peças que a companhia de teatro tinha, Silvio só ficava fora de duas.

Era uma época onde não havia escola para formação de atores – tudo era aprendido na base da prática. A carreira deslanchou, e Silvio foi para a TV. Nas novelas da Globo, foi o ator mais fez o papel de padre. Em TV e teatro, trabalhou com Glória Menezes, Tarcisio Meira e outros atores de fama nacional. Sua mulher também é atriz, e com ela está casado há 58 anos. Conheceu-a na companhia de Procópio Ferreira. Já tem quatro netos e cinco bisnetos. E, aos 77 anos, espera passar a pandemia para retomar projetos que foram suspensos, como uma série do canal Multishow e um longa-metragem que era para ter sido rodado.

Na internet, ficou conhecido por um personagem, o seu Fernando. O vídeo do seu Fernando foi para o Vlog do Fernando. Tinha palavrões e improvisos, e agradou. Mas ele não tinha hábito de ver vídeos do Youtube. “Eu adorei o roteiro, só que tinha um monte de palavrões e isso me preocupou um pouco, como eu não tinha o habito de assistir vídeos Youtube, aliás nunca tinha me interessado, achei que não rolaria com tantos palavrões, mas o Felipe Neto me tranquilizou disse que no Youtube não tinha problemas, lá pode tudo… “

O vídeo explodiu em audiência – numa noite, 300 mil visualizações, no dia seguinte, 1.300.000. “Aí todo mundo procurou. O telefone não parou. Era o Jô Soares, o Otávio Mesquita, Eliana, CQC, revistas, jornais, todos querendo entrevista. Eu era aquele senhorzinho que fez um vídeo descendo o cacete nos adolescentes, e as pessoas não imaginavam que eu fosse ator. A partir daí nasceu a Parafernalha, ficou muito conhecido e vieram outros trabalhos no teatro, cinema e TV”.

Em seu canal de Youtube tem tudo. “Leio tudo, sobre todos os temas. Quando gosto, coloco lá. Tem poesia, oração, humor, um pouco de tudo para todos os gostos. Fiz até vídeos ensinando idosos a usar o celular”. Mas o canal não é lucrativo. Ele diz que o sistema de pagamento do Youtube exige muito. “Não é coisa para um simples mortal como eu”. Gosta de todos os vídeos, mas tem uma certa queda pelo primeiro, aquele do seu Fernando. Que os anjos digam amém.

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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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