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sábado, 28 setembro, 2024

Somos todos especialistas

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Não há país que tenha tanta gente especialista como o nosso. Apesar da ignorância que predomina praticamente todas as camadas sociais. Se é Copa do Mundo, milhões entendem de futebol. Se são Olimpíadas, temos outros milhões especializados em polo aquático, em lançamento de dardo, em arremesso de martelo e até em iatismo.

A moda agora é o Coronavírus. Cientista do mundo todo pouco sabem sobre isso. Mas aqui há milhões de entendidos. Infectologistas de araque, técnicos não formados. Mas todos entendem do vírus chinês. Especialistas de lado, precisamos reconhecer que somos rápidos em aproveitar situações para produzir piadas, ou memes.

Na semana passada circularam alguns com boa dose de crítica política. Um deles afirmou que Bolsonaro havia nomeado Lula embaixador na China. Noutro, procurava-se um chinês (infectado, logicamente), para espirrar numa sessão do nosso Congresso. E há outro noticiando a viagem de pastores evangélicos como Valdemiro Santiago, RR Soares e Edir Macedo à China, para curar os chineses. Voltemos aos especialistas.

Já tem gente recomendando a compra de máscaras. Jà tem outros recomendando a ingestão de determinados alimentos e ervas que nos imunizariam do Coronavírus. Não dá para levar tais recomendações a sério. E há o lado da tragédia anunciada como castigo dos céus aos pecadores. Invoca-se até profecias de Nostradamus. Ou seria o Armagedon?

É sempre assim. Quando surgiu a Aids, pregadores de todas as matizes anunciaram que a doença era o castigo aos devassos, aos pecadores. Que isso seria o fim da raça humana. Um castigo divino, diga-se de passagem. Pelo que se nota, o Demônio venceu – remédios estão prolongando a vida dos soropositivos há anos. E a Aids deixou de ser castigo divino.

Se o índice de acerto desses nossos especialistas forem iguais aos dos nossos comentaristas de esportes – e sejam eles quais forem – podemos ficar tranquilos. Não acertam nunca. Primeiro: os Coronavírus não são  novidade.

São uma grande família viral, e conhecidos desde o começo dos anos 1960. Causam infecções respiratórias em humanos e animais. Infecções de leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum. E pior de tudo: a maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns durante a vida. Os mais comuns que infetam humanos são Alpha Coronovírus 229E e NL63 e Beta Corononavírus OC43 e HKU1. Explicado? Não somos especialistas – isso é literatura médica, científica.

Notícias sobre o bichinho precisam ser levadas a sério. Mas receitas não. Por via das dúvidas, evitar conselhos dos nossos especialistas. Tem pastor, tem curandeiro, tem apresentador de telejornal ensinando mais que médicos.

Na realidade, temos especialistas de sobra que não entendem nada. Mas têm espaço garantido na mídia por conta de outros ignorantes – jornalistas, por sinal – que insistem em bater na mesma tecla – o sensacionalismo. E, cá pra nós, a especialidade desses especialistas é o definhamento do cérebro. Não há vacina contra a burrice.

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