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sexta-feira, 19 abril, 2024

Tenda dos milagres

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Somos o país dos milagres. Ou temos fé demais ou nossos santos são muito fortes. Fortíssimos. E são milagres quase que diários, que não acontecem somente dentro de templos religiosos. Milagres divulgados pela TV, explorados por pastores, reforçados por depoimentos dos que são curados. Em qualquer lugar acontecem coisas milagrosas.

Nos campos de futebol, por exemplo. Jogadores caem com uma facilidade incrível. Quando tomam falta, tem-se a impressão que estão em coma. Um minuto depois já estão em pé, correndo e reclamando. Como sempre. Mais milagroso é o líquido que o massagista do time traz em garrafas. O jogador se contorce no chão, segurando o pé ou a perna. O massagista joga o líquido e pronto – está curado, pronto para continuar o jogo.

Milagres acontecem na área econômica do governo, e não é de hoje. Reis Veloso, quando ministro, numa só canetada aumentou o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do País de 3 para 7º. Delfim Netto, quando ministro, baixava a inflação de um dia para outro. O atual governador de São Paulo afirma que acabou com as filas nos postos de saúde e hospitais. Todos milagreiros.

Algumas redes de escolas também operam seus milagres. Principalmente nos finais de ano, quando chefetes precisam mostrar aos superiores bons resultados. E então, no culto milagroso chamado conselho de classe, alunos semianalfabetos são aprovados com louvor para a próxima etapa. Nas cadernetas de professores aparecem notas estupendas dos gênios até então anônimos.

Atacadistas de alimentos também costumam ser milagreiros. Se houver uma geada no Paraná, por exemplo, automaticamente essa geada afeta os produtos em nossa região. É o milagre da desgraça multiplicada, que vai elevar os preços. Sempre acontecem.

Há milagres também em oficinas mecânicas. Uma peça condenada a ser substituída passa a ser excelente de hora para outra – basta o dono do carro demonstrar conhecimento de mecânica. Normalmente o milagreiro é algum funcionário que, garante o dono da boca-de-porco, será dispensado por causa disso.

Milagres acontecem principalmente em época de eleições. Todos os candidatos – ou quase todos – têm solução para tudo. Soluções milagrosas para acabar com o crime, para elevar o nível de ensino, para não faltar hospitais e para o salário ficar maior. Sempre há fiéis, traduzidos por eleitores, que se sentem curados com palavras tão otimistas.

Assim como milagres, há as conversões. Iguaizinhas às conversões religiosas. O governador João Dória, por exemplo. Se elegeu à sombra de Bolsonaro. Chegou a se auto-intitular Bolsodória. Hoje está convertido, e renega seu passado. Afirma que nunca apoiou Bolsonaro, que nunca pediu votos para ele. Alexandre Frota, eleito deputado federal, seguiu o mesmo caminho. Pior para o PSDB, que reuniu num mesmo partido um adepto de orgia sexual e um ex-ator de filme pornô. Coisa boa não deve acontecer.

O jeito é acender uma vela. Das grandes.

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