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domingo, 24 novembro, 2024

Mural de recados

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A noite de domingo passado e parte da segunda-feira não passou de um mural de recados. Todo mundo resolveu se pronunciar, dar palpite e mandar suas mensagens em entrevistas ao presidente eleito, Jair Bolsonaro. Recados sutis, em alguns casos, grosseiros em outros, e desnecessários na maioria. Alguns infelizes.
Boulos, por exemplo, foi grosso ao extremo com suas ameaças de colocar o MST nas ruas e tumultuar a vida de Bolsonaro. O presidente do STF, Dias Toffoli, fez sua parte ao dar a entender que vai fiscalizar o cumprimento da Constituição – o mínimo a se esperar de um presidente da República e de um presidente de tribunal.
Haddad, o candidato derrotado, mostrou seu ódio na noite de domingo. Sem qualquer blandícia. Na segunda deixou o discurso mais suave. Mas nem tanto. Nem o necessário. Alguns aliados de última hora, oportunistas na maioria, se derreteram em elogios ao novo presidente. A intenção é mais que óbvia – garantir um lugar no próximo governo.
Jornalistas simpáticos ao PT tentaram entender como Bolsonaro chegou lá. E nem precisa pensar muito. Duas palavras resumem tudo: insatisfação e desesperança. O recado dos eleitores foi claro: não acreditamos em nada do que está aí.
Os que achavam que a democracia ainda está ameaçada recolheram seus bacamartes. Não há espaço para esse tipo de discurso. Ou de recado. É preciso esperar pelos erros de quem vai governar. Como bem captou um jornalista especializado em TV Mauricio Stycer, Bolsonaro soube capitalizar as críticas. Inclusive as mal humoradas.
 
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Foi imitado semanas seguintes num quadro do Pânico na TV. Apareceu mais de uma vez no Super Pop de Luciana Gimenez. Foi arrasado no antigo CQC. Era convidado porque dava Ibope. E ia porque aumentava o próprio Ibope. Falas polêmicas, com tintas de machismo, foram a delícia de seus críticos. Mas resultaram em mais popularidade.
Mas recados são a tônica dos políticos tradicionais. Dos viciados em poder. Isso deve mudar. No próximo ano, por exemplo, o partido do capitão vai ficar inchado. Não faltarão filiados e simpatizantes. O PRN de Collor, em 1989, foi a mesma coisa. Todos eram colloridos até o dia em que a popularidade do então presidente despencou. O PRN sumiu, esfarelou. Enquanto a popularidade do capitão estiver em alta assim será.
A esperança é de dias melhores. De que a confiança de milhões de brasileiros seja correspondida. De que a corrupção seja só uma mancha do passado. De que as decisões sejam tomadas com lucidez e serenidade. De que haja fim da violência urbana. De que haja empregos para todos. De que haja respeito. Este é o nosso recado.

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