No último fim de semana, somente a Região Metropolitana da Capital registrou cinco feminicídios. Em todos os casos foram companheiros, maridos, namorados, ex-namorados os autores de tais crimes. Alguns presos, outros livres, leves e soltos. No mesmo fim de semana, dois casos de importunação sexual dentro de ônibus. Ambos os tarados presos.
O que está acontecendo em nossa sociedade é difícil de explicar. Por que tamanha falta de respeito à mulher? O que leva um sujeito a se dar o direito de incomodar sexualmente uma mulher? E quais motivos levam os machões, valentões de araque, a matar suas companheiras?
A ignorância crassa. Ainda há homens que tratam suas companheiras como propriedade. Incomodam-se com a altura da barra da saia, com o decote, com a maquiagem. E contraditados, apelam para a violência. Como a impor sua vontade, mesmo que seja sobre um cadáver.
Compreende-se que em tempos passados a mulher era considerada propriedade. Mulher era uma espécie de bem material, cedido pela família ao pretendente. E esse pretendente, transformado em marido, tinha poder sobre sua mulher. Dava ordens, determinava, exigia. Só que os tempos mudaram, a sociedade evoluiu. Será que esses machões ainda não perceberam? Ou vivem em séculos passados?
Muitas mulheres se resignaram e aceitaram as normas de seus donos. Outras, mais astutas, se vingaram da melhor forma possível – traíram seus maridos-feitores. Talvez até se divertissem intimamente quando apanhavam. A cada tapa, supõe-se, pensavam: isso mesmo, bate chifrudo.
O século 20 foi revolucionário para as mulheres. Elas foram ao trabalho. Ganharam a pílula anticoncepcional, libertaram-se sexualmente. Adotaram a mini-saia criada por Mary Quant. Foram às ruas, exigiram igualdade. E conseguiram.
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O século 21 tinha tudo para ser diferente. Seria um século de boa convivência entre homens e mulheres. Seria uma espécie de ratificação das conquistas. Seria. Há animais soltos por aí que se casam, têm filhos, e para fazer suas vontade exigem. Determinam. Obrigam suas mulheres ao sexo como obrigação, e não como prazer. Espancam quando contrariados. E, na pior das hipóteses, matam.
As punições são brandas demais. O Código Penal é tão velho quanto às tábuas dos dez mandamentos. Preso e punido com todo o rigor, um animal assim ficará na cadeia no máximo 30 anos. No máximo. Com as benesses da legislação, sairá bem antes se tiver bom comportamento – e na cadeia não há lugar para valentões. E solto, voltará a ter o mesmo comportamento. Será valentão, possessivo, ciumento. E provavelmente volte a matar.