O capitão reformado do Exército Jair Messias Bolsonaro é o que tem mais probabilidade se tornar o próximo presidente da República. Acusado de ambicioso, misógino (ódio contra mulheres), ultradireitista e nostálgico da época militar, está em vôo de brigadeiro nas pesquisas eleitorais.
Sua trajetória é um tanto conturbada. Decidiu que seria soldado quando tinha 15 anos, quando sua cidade, Eldorado Paulista, presenciou um tiroteio entre o grupo de guerrilheiros de Carlos Lamarca e o Exército. Nessa época (1970) compreendeu a capacidade que o Exército tinha de organização.
Estudou com sacrifício (pescava durante o dia para vender o peixe e comprar livros) e conseguiu ser aprovado para a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, estado do Rio. De lá saiu como aspirante a tenente. Passou por diversas unidades militares e criou alguns problemas.
Foi acusado de procurar ouro ilegalmente em companhia de outros militares nos anos 1980. Alguns oficiais o definiram como tendo “excessiva ambição financeira e econômica”. Em 1986 tornou-se conhecido ao publicar um artigo na revista Veja, queixando-se dos baixos salários dos militares. Foi detido, ficou 15 dias preso e sofreu processo militar por indisciplina. Mas recebeu 150 telegramas de apoio de oficiais e suas esposas.
Em 1988 o Tribunal Militar absolveu Bolsonaro de todas as acusações. Já como capitão, decidiu deixar o Exército. No mesmo ano, elegeu-se vereador no Rio de Janeiro. Os oficiais não o apoiavam – alguns chegaram a proibir sua entrada em quartéis.
Em 1990 foi eleito deputado federal pelo Rio – reelegeu-se seis vezes. Na Câmara dos Deputados nunca se destacou, a não ser por posições e discursos polêmicos. Em 2017 disputou a presidência da Câmara – teve quatro votos dos 512 possíveis. “Eu não sou ninguém aqui. Nunca tive a honra sequer de ser o vice-líder de meu partido. Não tive porque não vou me alinhar às orientações partidárias”, afirmou em 2011.
Dos 190 projetos de lei apresentados por Bolsonaro, 32% eram relacionados aos militares, 25% à Segurança Pública e somente três a assuntos econômicos, dois à saúde e um à Educação. Nas eleições de 2010 e 2014 chegou a pensar em concorrer à Presidência. Começou a se destacar e receber rótulos. E pede que alguém o chame de corrupto.
Em 2014, no dia seguinte à sua reeleição, analisou a composição do Congresso e notou que o conservadorismo havia avançado. Os representantes da bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) haviam crescido. Se filiou ao Partido Social Cristão. No ano passado foi para o PSL, um partido abaixo do considerado nanico.
Na primeira reunião, feita em sua casa, para trazer deputados para o partido, em 2016, havia dez companheiros. Na última, em abril passado, mais de cem. Casou-se três vezes e defende o modelo fa família tradicional. Tantos apoios levaram empresários a declarar voto no capitão – a cada pesquisa que ele aparece na frente, a Bolsa de Valores sobe e o dólar cai.