Quanto vale o seu voto? Você seria capaz de negociar ou barganhar o seu voto? Na hora da negociação, se o comerciante for bom de lábia, cair em tentação é questão de tempo…ah tá e de algumas palavrinhas mágicas também.
Mas não se iluda, caro eleitor, a palavra de um candidato, vale tão ou menos que um tostão. Sou uma testemunha viva de que discursos aclamados em reunião partidária ou comitê político são espetáculos montados para meia dúzia de bobos da corte. O resto são figurantes com sua melhor beca de puxa-saco.
Felizmente a política não é apenas um circo, aliás, não mesmo. A primeira vez que votei para presidente foi em 1989, por opção. Aquele momento foi mais importante do que quando conquistei minha carteira de habilitação; essa procrastinei até completar 20 anos.
Votar sempre me pareceu o final feliz de uma trajetória de luta contra a ditadura. Sai da cabine com a verdadeira sensação de ter sido emancipada. Não demorou e veio minha primeira decepção: eleito, Collor, como todos sabem, teve como seu primeiro ato confiscar a poupança dos brasileiros e arremessar o país no meio do caos e da lama.
Collor caiu, não por isso. Caiu por um Fiat Elba, assim como Dilma foi pega com a ‘boca na botija’ pelas pedaladas fiscais. Não podemos esquecer Itamar, em que ninguém votou, assim como Michel Temer. Ambos chamados governos de transição, mas que para o povo tem outro nome.
E de decepção em decepção, o ato de votar passou a ser quase rotineiro. Nunca mais me emocionei no interior de uma cabine de votação. Fui repórter, mesário, fiscal, mas nunca deixei de ser eleitor. E assim, parecia que os tempos folclóricos do Brasil, os tempos de república bananeira, ficaram enterrados no passado.
Fernando Henrique foi um presidente tipo ‘made in exportação’. Culto, deixou o país redondinho e, ouso dizer até bonito e charmoso. Votei nele duas vezes, no tempo em que o PSDB se anunciava como um partido da social democracia.
FHC também foi minha opção para senador. Gostaria que tivesse sido prefeito da minha cidade. Na disputa por São Paulo, perdeu para Jânio Quadros. Como não lembrar da declaração de Giberto Gil na ocasião, prevendo que Fernando Henrique não só chegaria a presidência como seria reeleito.
O que veio depois todo mundo já sabe. A economia brasileira vai levar anos para se recompor, a fila dos desempregados dobra esquina e o desalentado é a mais nova categoria do IBGE.
Agora, tem machista, nacionalista, esquerdista e radicalista querendo tomar o poder. Nas ruas tem ódio cego, sentimento velado, tem fanatismo, orgulho ferido. Tem muita gente indecisa, querendo se esquivar, fugir até quiçá.
Ao fim deste parágrafo acho melhor acender uma vela e torcer para que Deus seja mesmo brasileiro. Que Ele nos projeta para que o resto da nação não confunda urna com lixão. A rima é por minha conta. Amém.