Difícil encontrar um advogado que não tenha participado do Dia do Pindura. Afinal, a tradição arrasta gerações de estudantes de Direito desde 1900, quando o respeito a profissão era tão grande que proprietários de restaurantes não só faziam questão de receber os futuros advogados, como bancavam suas contas.
Mas os tempos mudaram, o respeito continua, mas a comemoração deste 11 de agosto (Dia do Advogado) foi repaginada. Hoje, estudantes de Direito não têm mais a regalia de comer, beber e sair sem pagar. Os poucos alunos que buscam manter a tradição, optam pela negociação antecipada.
Em Jundiaí, dos bares consultados pelo Novo Dia, a tradição parece mesmo não fazer mais parte do cardápio. Portanto, alunos de Direito que pretendem fazer valer o Dia do PIndura, melhor evitar a Choperia Palma, o Bar Chafariz e a Cacharia Água Doce. Em comum, todos os gerentes alegam que já não aderem mais à tradição porque a procura é considerada irrelevante.
Tradição ou não, o Dia do PIndura marca a agenda e a vida do estudante de Direito. A prática de comer, beber e depois cantar e não pagar a conta parece mesmo coisa do passado. Uma boa conversa com o gerente, comer de graça e só pagar a bebida e o serviço de garçom pode ser a saída para os tempos de crise.
O Direito e o futuro
A concorrência deve ficar cada vez mais acirrada no mercado jurídico. É o que aponta a pesquisa realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo os dados levantados, a estimativa é que em 2018 serão mais de 1 milhão de advogados no Brasil. Atualmente, existem aproximadamente 998.771 mil advogados no país, conforme a OAB.
Outro dado que chama a atenção nesse universo se refere ao número de faculdades na área jurídica: são 1.120 instituições que lecionam Direito no Brasil. O número é maior que a soma de faculdades de Direito de países como EUA, China, Alemanha, Itália e França. Atualmente, são 750 mil estudantes matriculados em Direito no País.
Em Jundiaí, somente na Universidade Paulista (Unip) são mais de 500 jovens se preparando para advocacia. Procurada pelo Novo Dia, a direção da Faccamp não divulgou o número de estudantes de Direito, alegando se tratar de dados sigilosos, enquanto que a Faculdade Anchieta não retornou à reportagem até o fechamento desta edição.
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Números à parte, para o advogado Jonas Tadeu Parisotto, formado há quase 30 anos, o Direito é uma profissão para poucos, que exige atualização constante. “O Direito não é uma ciência exata, se modifica frequentemente. O exemplo mais recente foi o novo Código do Processo Vivil que exigiu de qualquer profissional estudo e atualização”, explica.
Parisotto lembra que, assim como qualquer outra profissão, o Direito também tem se adaptado aos avanços da tecnologia. “Devemos evoluir e dispor de ferramentas que a tecnologia nos proporciona, mas tudo precisa estar a serviço da eficiência do advogado. O Direito é uma ciência humana destinada a preservar a civilidade e valores básicos, sem os quais não existiriam advogados, juízes ou promotores de Justiça”.
Para um jovem que cogita a possibilidade de se matricular em um curso de Direito, Parisotto recomenda. “É uma profissão que exige vocação, mas é preciso estar consciente de que uma dose extra de paixão fará toda a diferença no resultado, assim como a vontade de estudar. O resto é experiência”, conclui.