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segunda-feira, 25 novembro, 2024

A morte como empoderamento

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Toda vez que estou com alguma dificuldade, com algum problema seja ele na área profissional, pessoal ou até mesmo acadêmica, penso na morte. O fato de sermos o único animal da terra que tem a consciência da finitude, isso já me alegra. Pensar na morte não é fugir dos problemas ou se autoflagelar, na minha concepção, é a ideia de que a morte é um instrumento de pensar e reavaliar o nosso lugar. Será que estou fazendo o que eu quero ou será que estou sendo o que querem que eu seja?
Toquei nesse assunto porque recentemente assisti a um vídeo no YouTube, do canal Projeto Estelar, que tem a finalidade de promover conhecimento feminino, e a entrevistada foi a Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, que é geriatra e especialista em cuidados paliativos. A certa altura do vídeo relata: “A morte pra mim é umas das coisas mais intensas como ferramenta de empoderamento do ser humano. Quando você tem noção do fim da sua vida não tem ninguém que te enrole, não tem nada que te iluda. Por que você vai desperdiçar seu tempo com coisas irrelevantes?”.
Com essa pequena frase poderia encerrar a coluna aqui, me despedindo para finalmente correr atrás do tempo perdido.
Pensar na morte, de uma forma honesta, é dar valor ao tempo. É tentar contornar àquilo que fizeram com você. É descobrir aquilo que te agrade e o que desagrada. Pensar na morte é uma alternativa para empoderar o nosso cotidiano. É o fugir de uma fofoca que não vai levar a lugar algum, é o deixar de se preocupar tanto com os problemas, com as dívidas e tratar de cuidar do acontece no entorno. É o se descobrir e se reinventar.
Tem uma frase tão sussurrada que já perdeu o sentido original, mas pelas minhas buscas, a frase é de Sartre que diz o seguinte: Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.
 
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Só tendo noção da finitude para escrever algo tão intenso e verdadeiro. Mas me conte, o que você tem feito por você? O seu choro tem sido maior que seu sorriso? A sua alegria de viver se perdeu em que ponto? Seu sofrimento tem sido maior que a concepção de finitude?
Desde que nascemos somos moldados a seguir o que a solenidade determina. E todas essas imposições vão, aos poucos, distanciando o contato com o nosso eu intrínseco. Aquele eu, rebelde, que não se importa com o que os outros vão pensar; aquele outro eu, responsável, que adia as vontades em detrimento da condição; aquele eu, criança, que disfarça para se enquadrar; aquele eu, egocêntrico, que representa o estereótipo falso da conduta. Aquele “eu” que adia tanto a si mesmo que não saberá responder a crucial pergunta quando a hora chegar: por que eu não fui eu?

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