Os pajés e caçadores, a sabedoria da natureza. Provavelmente a mais popular gira de Umbanda, a dos Caboclos de Oxóssi. Os índios brasileiros, verdadeiros donos desta terra, que não diferente dos negros escravos, também foram vítimas da perseguição dos que se diziam “civilizados”.
A Umbanda, enquanto mistura de diversas culturas religiosas, agregou também a ameríndia, e recebe na Gira dos Caboclos esses espíritos de índios que foram pajés, caciques, caçadores, e possuíam uma fé inabalável em Tupã, Deus Supremo. Os Caboclos trouxeram para a Umbanda toda a magia dos Pajés, a defumação pelos charutos e cachimbos, e o poder milagroso das ervas.
O encontro dos primeiros negros bantu trazidos como escravos ao Brasil com os índios que aqui habitavam gerou esta mistura de crenças – muitas das quais já eram comuns a ambos os povos, como a crença na comunicação com os espíritos dos antepassados mortos.
Na hora de nosso desespero, em meio a diversos problemas do cotidiano atual, o que poderia ser melhor do que se deparar com um espírito de um sábio Cacique, envolto por seus hábitos trazidos das tribos mais antigas, o cheiro das ervas que segura e da fumaça dos seus fumos? Ouvir seus sábios conselhos, nessa hora, parece ser mesmo um presente de Tupã!
É bom sempre lembrar que, quando falamos Caboclo, se entenda Caboclo ou Cabocla, pois lá estão também estas guerreiras, caçadoras, as nossas Juremas e Jupiaras, índias com todos os adjetivos até agora descritos aqui.
Nas giras destes maravilhosos espíritos, se destacam as danças tribais que desenvolvem, a plástica dos passes e cumprimentos, e o alto valor que dão à natureza, hoje destruída por nós, “civilizados”.
Talvez por ser este o encontro do homem atual, civilizado, que destruiu suas matas e natureza, com os antigos guardiões destas mesmas riquezas, é que a gira de Caboclos de Oxóssi seja uma das que mais traduzem o verdadeiro sentido da nossa Umbanda Sagrada.
“A Umbanda também é a preservação da natureza”.
por Pai Alexandre Falasco