20.4 C
Jundiaí
terça-feira, 23 abril, 2024

Há 33 anos, falia a Argos, uma das maiores de Jundiaí

spot_img

E até hoje muitos ex-funcionários se queixam de não ter recebido salários e outros direitos trabalhistas
No número 396 da avenida Cavalcanti, na Vila Arens, está instalado o Complexo Argos. E nele estão auditório, a Biblioteca Municipal, algumas instalações da Educação e a TVE. Hoje. Durante mais de 80 anos, até 1984, ali funcionou a Argos Industrial S/A, uma das maiores indústrias têxteis do país e que empregava milhares de funcionários.
A Argos surgiu no início do século passado. Sob comando da família Diederichsen, se tornou um império – beneficiava o algodão, fabricava o fio, com o fio fabricava o tecido, e a partir dos anos 1970 passou a fabricar roupas também. Ficou conhecida pela marca do jeans produzido (Free) e pela gabardine verde-oliva que vestia o Exército.
Foi também avançada para a época em termos de benefícios sociais. Tinha creche, muito antes de haver obrigatoriedade para isso. Construiu vilas operárias – conjuntos de casas destinadas a funcionários, que as compravam a preço quase simbólico ou nelas moravam sem pagar aluguel, num tempo em que nem se cogitava a construção de casas populares.
Tinha consultório médico, com direito a médico e enfermeira de plantão – o atendimento era de graça aos funcionários e seus familiares. E teve uma espécie de cooperativa, a Associação dos Empregados da Argos, cuja face aparente era a loja na esquina da Cavalcanti com a rua Monteiro Lobato.
Mas era internamente que essa associação dava benefícios – tinha convênios médicos, de laboratório e com hospitais muito antes de se inventar os planos de saúde. Nos finais de ano, a direção mandava montar um enorme presépio no jardim de entrada, sob as árvores. E nessa época também se promovia festa de confraternização, onde filhos de funcionários sempre ganhavam presentes.
Finda essa época de brilho, apareceram os problemas. A concorrência aumentou – não havia no mercado somente jeans US Top, Staroup ou Gledson para concorrer com os da marca Free. Tecidos eram produzidos em todos os lugares. A concordata foi inevitável. Se recuperou, mas logo veio a segunda concordata.
Com atrasos nos salários, problemas com fornecedores e dificuldades para vender, o dinheiro ficou escasso. Em junho de 1984 apareceu em sua portaria um oficial de Justiça, notificando que a Justiça havia decretado sua falência. Era o fim de um império e o começo de uma angústia que ainda perdura.
Pouca gente recebeu o que tinha direito. Ninguém consegue explicar para onde foram as máquinas ou o dinheiro. Em 1990, o então prefeito Walmor Barbosa Martins comprou o prédio – a idéia era instalar alguma coisa parecida com o Sesc Pompéia. O projeto ficou no papel.
Quando se encontram, os ex-funcionários conversam sobre suas lembranças, sobre os que passaram pela empresa. Contam com alegria como trabalhavam. E quase choram quando lembram que não viram a cor do dinheiro – ainda esperam explicação sobre o sumiço, para que possam sepultar de vez suas dúvidas.

Novo Dia
Novo Diahttps://novodia.digital/novodia
O Novo Dia Notícias é um dos maiores portais de conteúdo da região de Jundiaí. Faz parte do Grupo Novo Dia.
PUBLICIDADEspot_img
PUBLICIDADEspot_img

SUGESTÃO DE PAUTAS

PUBLICIDADEspot_img
PUBLICIDADEspot_img

notícias relacionadas