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sábado, 20 abril, 2024

A necessidade é mãe da criatividade. Será?

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Diz-se popularmente que quando a água bate nas nádegas todo mundo dá um jeito. Ou seja, a necessidade obriga as pessoas a encontrar soluções, a ter criatividade, e isso está mais que provado. Mas há um lado perverso nessa história – a criatividade também pode ser a mãe da criação de necessidades.
Há o exemplo típico do funcionário que reclama que tem muito serviço, e que precisa de alguém para ajudar. Quando esse alguém é contratado, o primeiro passa todo o serviço para o recém chegado, que logo também passará a reclamar que não dá conta, que é muito serviço… até que a empresa contrate alguém para ajudá-lo.
Nessa toada, logo haverá uns cinco ou seis para fazer o serviço que era só do primeiro, e esse primeiro se tornará, inevitavelmente, chefe dos demais. E se observarmos com alguma atenção, veremos que essa criação de necessidades está em todos os lugares.
Antes as empresas tinham um médico para examinar os candidatos a emprego. Coisa meio superficial, para ver se tais candidatos tinham condição de trabalhar. Hoje há empresas – e não são poucas – que se ocupam somente disso. Fazem exames admissionais, quando há um candidato, e demissionais, quando alguém é despedido. É um mercado promissor, diga-se de passagem.
A cada problema que surge, sempre há alguém criando uma nova lei. Excesso de acidentes nas estradas? Não tem problema – cria-se uma lei proibindo falar no celular, outra proibindo de tomar uma canjibrina (e aí vende-se o bafômetro e ganha-se com as multas), outra obrigando motoristas e levarem seus filhos em cadeirinhas, que não custam pouco.
Continua havendo acidentes? Não tem problema – os “especialistas” em trânsito enchem as rodovias com placas limitando a velocidade. Placas que variam a cada quilômetro, como uma pegadinha a quem dirige. Sempre rende multas.
Caminhões se envolvem em acidentes em rodovias? Sim, estão em 40% dos acidentes. Mas a solução foi obrigar a colocação de faixas refletivas em suas carrocerias. Faixas que também não custam barato. Ou seja, alguém está ganhando com isso. A faixa é uma necessidade criada. O lucro é outra história.
Nem se questionou se motoristas de caminhão trabalham mais que o permitido, nem se usam alguma coisa para ficarem acordados. Só agora implantaram o exame toxicológico – e já há quem garanta que dá pra enganar esse exame. Alguém também está ganhando para fazer esses exames.
Vai instalar um escritório? A necessidade é colocar um extintor de incêndio, mesmo que a possibilidade de fogo seja mínima. Se isso fosse mesmo levado a sério, todas as casas deveriam ter extintores – há mais risco de incêndio dentro das casas que nos escritórios. Mas se for um prédio, um condomínio, aí sim – serão muitos os extintores necessários.
Até outro dia era preciso extintor ABC dentro dos carros. Todo mundo sabia que eles não servem pra nada, mas era obrigado. Agora não é mais. De uma hora para outra as otoridades de trânsito descobriram a inutilidade dos extintores, mas até então, havia gente ganhando – e bem – com isso. Assim como a malfadada caixa de primeiros socorros que apareceu com o Código de Trânsito, em 1998.
Antes de tantas necessidades e normas inúteis, todo mundo trabalhava, os acidentes nas estradas eram em menor número (proporcional à frota), ninguém usava cadeirinha, não havia tanta gente interferindo na vida de quem quer fazer alguma coisa. Afirmar que tudo isso que veio depois era necessário é piada.
Não era necessário. Há muita coisa que funciona, mas a maioria não serve pra nada. São normas para atrapalhar a vida da maioria, enquanto uma minoria ganha muito dinheiro com isso. E se todos observarem melhor, concluirão que não existe coisa mais desnecessária que alguns tipos de políticos. Depois ninguém entende como Bolsonaro está tão bem nas pesquisas de intenção de voto. Só por Deus.
Anselmo Brombal

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