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domingo, 29 setembro, 2024

Editorial: Velozes, furiosos e imprudentes

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Na semana passada morreu mais uma pessoa vítima de atropelamento. Foi na Praça das Bandeiras, perto demais do terminal central dos ônibus urbanos. Não justifica o fato do sujeito estar atravessando a rua fora da faixa de pedestres. O que mais chama a atenção é a velocidade dos ônibus, não só nesse lugar, mas em toda a cidade.
Tornaram-se frequentes os acidentes envolvendo ônibus, dos mais simplórios aos mais graves. Embora laudos oficiais possam apontar outras causas, a mais aceita, mais vista, mais latente e incontestável chama-se imprudência. Boa parte dos motoristas de ônibus descarregam sua ira no acelerador e nos passageiros.
Há ruas onde se tornou temeridade ficar na frente de ônibus. A descida da rua Vigário, por exemplo. Em qualquer horário os ônibus andam em velocidade incompatível. Abusam da sorte, e coitado de quem estiver num carro em sua frente. Os mais prudentes abrem caminho para os motoristas de ônibus apressadinhos.
A avenida Antonio Pincinato poderia mudar para pista de corrida, com raros pit stops. Nesse lugar, ônibus competem entre si e com algumas vans escolares, tão imprudentes e furiosas quanto eles. Em todos os lugares há reclamações contra os ônibus. Reclama-se dos articulados que circulam no Centro, em ruas estreitas e impróprias.
Reclama-se dos motoristas que não esperam o passageiro desembarcar, provocando quedas e outros acidentes. Reclama-se das freadas bruscas, do barulho desses freios, do ronco exagerado dos motores. Reclama-se ainda do nível das conversas entre motoristas e cobradores, dentro dos ônibus, impróprias para menores de 45 anos.
Alguma coisa está errada, e muito errada. Não há fiscalização adequada. Motoristas reclamam que os horários são apertados, que são cobrados pelas empresas para cumpri-los e que são punidos sob qualquer pretexto. Não há motorista que trabalhe na linha do Tijuco Preto com satisfação – por causa do CDP, tem muito parente de preso que não gosta de pagar a passagem.
Motoristas reclamam também que não têm lugares adequados para descanso nos terminais, verdadeiras pocilgas que deveriam ser conservados pelas empresas de ônibus. Todo mundo parece ter razão nesse balaio de gatos. Mas nada justifica a forma com que muitos dirigem.
Se o Código de Trânsito fosse levado a sério sobrariam poucos motoristas. Sobrariam também poucos ônibus por conta das condições com quais trafegam. Pequenos acidentes são comuns, como uma roda que se solta, um freio que não funciona, uma pane no motor. Mais comum ainda é a fumaça preta que sai dos escapamentos flamejantes, principalmente dos carros da Rápido Luxo.
Reclama-se comumente que tudo isso é falta de leis mais severas. Mentira. Leis existem, mas poucos as observam. Há fiscais de trânsito para multar – mas a preferência dos fiscais deve ser por motoristas particulares. Há fiscais da Cetesb para medir a emissão de fumaça, mas não se tem notícia de nada.
Há muita gente sendo paga para fazer com que os ônibus andem dentro das normas, mas ao que parece há outros interesses que se sobrepõem às normas. O atropelamento da semana passada, muito próximo do terminal, foi um caso. Mas é bom lembrar que muitas pessoas já foram atropeladas dentro de terminais, lugares onde há limite de velocidade, raramente cumprido.
Como nossas ruas se tornaram terra sem lei, ganham os mais velozes, os mais imprudentes, os mais furiosos. Vidas humanas, nessa hora, não valem um litro de diesel.

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