publicidadespot_imgspot_img
36 C
Jundiaí
terça-feira, 8 outubro, 2024

Uma geração de intolerantes

publicidadespot_imgspot_img

Quem passar distraído, considerando apenas o título, pode achar que este é outro texto sobre preconceitos e questões sociais, mas deixemos estes temas para quem verdadeiramente é militante e está engajado em algo maior. O que proponho aqui é uma reflexão sobre a maneira como costumamos lidar com nossos sentimentos e relações, talvez uma crítica à nossa maturidade emocional.
Tenho observado não apenas no consultório, mas assistido nos telejornais e presenciado a intolerância a frustração. Somos cada vez mais incapazes de suportar o desconforto diante da impotência, aquela sensação quando nossos desejos e expectativas não são ou não podem ser cumpridos. Em outras palavras, não sabemos lidar com os “nãos” impostos pela vida.
Um típico exemplo é o homem que foi fechado no trânsito e por isso, perseguiu e matou o outro com sete tiros; a mulher que riscou o carro do ex-namorado ou o fulano que após ter sido demitido, planejou e executou o sequestro do chefe. Psicopatologias à parte existem outros casos menos dramáticos; uma batida de carro numa manhã de segunda-feira ou um crédito não aprovado já são suficientes para nos desesperarmos e sofrermos, “Só poderia ter acontecido comigo!”. Então cheios de revolta, corremos para o facebook e redigimos um imenso desabafo. O fato é que todos nós vivenciamos a intolerância a frustração em diferentes formas e graus.
Desejamos sempre acertar em nossas carreiras e relações, entretanto parece-me que somos academicamente preparados, tecnologicamente geniais e emocionalmente ignorantes. Possuímos uma agenda lotada de atividades e pobre em relacionamentos interpessoais, um plano de vida traçado com aulas de inglês, informática e sucesso profissional, mas que desconsidera um fator nesta equação: as intempéries da vida! Acrescentemos a isso o combo baixa autoestima e insegurança, o resultado é obviamente desastroso: pequenas bombas-relógio se cruzando no estacionamento do shopping, na fila do banco e no centro da cidade.
Perdemos a capacidade de nos conformarmos, aceitarmos que em determinadas situações não há que o que ser feito. Ao invés disso, permanecemos gastando energia tentando “superar” um obstáculo, quando apenas contorná-lo seria o suficiente para seguir em frente. Se conformar tornou-se sinônimo de fraqueza em uma geração que tenta inutilmente controlar todos os campos da vida.
ALEXIA RIBEIRO LUCENA
Psicóloga

Novo Dia
Novo Diahttps://novodia.digital/novodia
O Novo Dia Notícias é um dos maiores portais de conteúdo da região de Jundiaí. Faz parte do Grupo Novo Dia.
PUBLICIDADEspot_img

SUGESTÃO DE PAUTAS

PUBLICIDADEspot_img

notícias relacionadas