Ele era fundador e presidente de honra do partido e afirma que não pode avalizar candidatura de quem não confia
Semanas depois de André Benassi tornar oficial sua saída do partido, o fato ainda repercute no meio político da cidade e região. A saída, entendem todos, expõe um racha dentro do PSDB, que vinha germinando há algum tempo, desde que se iniciou a discussão sobre quem seria candidato a prefeito.
É público e notório que André, fundador e presidente de honra do PSDB, queria o sobrinho como candidato, assim como a ala tradicional do partido. Quando ficou claro que o escolhido seria o deputado estadual Luiz Fernando, André chegou a afirmar ao Jundiaí Notícias que Ricardo seria candidato dentro ou fora do PSDB. Foi quando o racha começou se tornar público.
Ricardo ficou sem espaço no partido e foi para o PPS. No lançamento de sua candidatura, o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire, esteve na cidade e se derramou em elogios à família e ao candidato. André circulou sem qualquer constrangimento com um adesivo do PPS na blusa. Na mesma ocasião, figuras tradicionais do PSDB estiveram com Ricardo e Freire.
Há duas semanas André anunciou oficialmente que estava saindo do PSDB. Na carta, alegou que não poderia continuar por questões éticas, de estar num partido, mesmo como presidente de honra, fazendo campanha pelo sobrinho, em outro partido. Até agora André não se filiou a nenhum outro.
“Nós queremos o melhor para a cidade, diz ele, e não alcançar o poder a qualquer custo. Não posso apoiar alguém que só está vendo o poder”. A referência é claríssima, embora o nome de Luiz Fernando não seja citado.
“Nosso estilo é preparar as pessoas para cuidar de Jundiaí – continua. Quero apoiar quem acredito. Não posso avalizar quem não confio”. Ele diz também que não se sente nem chateado nem traído. Só lamenta terem se aproveitado de seu trabalho. “Foi difícil tomar essa decisão, mas foi preciso”, diz.
André foi vereador, deputado estadual e federal e prefeito duas vezes. Na primeira vez (1983-1988), encontrou a cidade com problemas. “O São Vicente não tinha crédito para comprar um comprimido, e as pessoas clamavam por melhorias nos bairros”, conta ele. Logo após a posse, reuniu o secretariado e falou de esperança.
“Não tínhamos dinheiro, e resolvemos fazer tudo junto com a população, conta. Pensei: pastor e padre não fazem obras, mas o povo tem esperança neles. Vamos fazer o mesmo”. Lançou uma espécie de caixa econômica municipal, arrecadou dinheiro em prestações e levou asfalto a inúmeros bairros.
Hoje, quando circula com o sobrinho Ricardo em campanha, sente o reconhecimento popular. “Todo mundo se lembra das minhas administrações, conta. Se é alguém mais novo, também está sabendo porque sempre tem alguém para contar sua história. Felizmente somos bem recebidos em todos os lugares”.
