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terça-feira, 8 outubro, 2024

Editorial: Dificuldades da vida moderna

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Não se sabe nem o como nem o porquê, mas chegamos a um ponto onde fazer alguma coisa está difícil. Para tudo há algum tipo de restrição, para tudo há normas, algumas absurdas. Para tudo há o politicamente correto, do falar ao pensar. O emaranhado de leis, normas e exigências burocráticas transformou a vida de todos em inferno.
Imagina-se se Noé, nos dias atuais, precisasse construir sua arca, ordenada por Deus, para salvar as espécies de vida do dilúvio. Que tipo de madeira Noé usaria em sua arca? Aquela reaproveitada de demolições ou a de reflorestamento? E para construi-la, certamente precisaria de uma planta, assinada por engenheiro. E que tipo de engenheiro, civil ou naval?
Imagina-se também quantas licenças Noé precisaria ter para iniciar seu empreendimento. O Ibama aprovaria a área? E se Noé, por um acaso, construísse a arca perto de um rio ou uma lagoa? Levando-se em conta que a arca seria feita dentro de uma cidade, precisaria de um Relatório de Impacto na Vizinhança.
Noé teria também de pagar taxas e mais taxas, inclusive ao imprevidente INSS. Se Noé superasse todos esses entraves, teria outros problemas pela frente. Na versão bíblica, as ferramentas eram rudimentares e havia poucos vizinhos – talvez nenhum. Na versão atual, motosserras, furadeiras e makitas incomodariam a vizinhança por causa do barulho.
Noé teria também problemas com sindicatos, mesmo exercendo a carpintaria. Talvez com o sindicato da construção civil. Ou quem sabe com o sindicato dos estaleiros navais. Ou dos carpinteiros e marceneiros. Receberia certamente a visita de algum representante do Ministério do Trabalho, ansioso para conhecer suas condições de trabalho, e, com alguma sorte, fazer alguma multa.
A Capitania dos Portos certamente ficaria de olho em Noé, que não tem qualquer licença para pilotar a arca. Talvez exigisse um curso de mestre arrais, básico para barquinhos. Talvez Noé, acostumado aos tempos modernos, conseguisse subornar a fiscalização. Mas o fiscal indo embora, viriam os bombeiros.
A arca precisaria de bóias e coletes salva-vidas. Como a família de Noé era formada por ele, mulher e três filhos, no mínimo cinco desses equipamentos. Hora da Polícia Federal investigar a história, uma Operação Lava Arca talvez. Quais seriam suas intenções? Que prova teria Noé de que foi Deus quem mandou fazer a arca?
Viria o dilúvio, está certo, a arca flutuaria ao sabor das ondas. E depois, onde aportaria. Se saísse daqui e encalhasse em outro país? A família tem visto e passaporte? Aceitas as explicações, e livre do japonês da Federal, a arca fica pronta, e aí começam outros problemas.
Como explicar ao Ibama o embarque de um casal de cada espécie animal, incluindo o mosquito da dengue? Todos estariam vacinados? Poderia Noé incorrer em crime ambiental? Estariam os animais acomodados como manda a lei? Haveria um veterinário responsável?
Levando-se em conta que com jeitinho, boa conversa, ajuda divina e muita fé Noé conseguisse passar pelo Ibama, pela Polícia Ambiental e outros fiscais. Embarque autorizado, mas precisaria provar que o dilúvio seria mesmo de verdade. Como, se o site do Climatempo não tem essa previsão?
Resumindo tudo: cada dia está mais complicado viver. Até respirar o ar com a humidade relativa correta. Pior de tudo é que nós mesmos complicamos nossa vida cada vez mais. Vale a máxima: o computador veio para resolver problemas que antes não existiam. Feliz foi Noé, o da Bíblia.

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