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quarta-feira, 26 junho, 2024

Eles dão certo

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Tudo bem que o Carnaval acabou. Mas dessa vez deixou lições, e a melhor delas foi o envolvimento do povo com os blocos de rua. Todos fizeram bonito, mesmo não tendo regras, não concorrendo a nada, não exigindo nada. Em todos os bairros de Jundiaí havia um bloco – em alguns, os gigantescos, noutros, os mínimos. Mas eram blocos.
E todo mundo está se perguntando se há necessidade de se organizar uma bagunça chamada Carnaval. Se há necessidade de ligas para agrupar escolas de samba. Se há necessidade de tantas regras, tanta competitividade e tanto dinheiro. Justamente porque os blocos não exigem nada disso.
Escolas de samba estão ficando chatas. Têm um esquema pré-definido, fantasias iguais para suas alas. Precisam ter uma história para contar e cantar. Precisam ensaiar. Precisam de chefes, diretores. Blocos funcionam na base do improviso. Ninguém ensaia, cada um se veste como quer. Cada bloco canta suas marchinhas, todas velhas conhecidas do público.
Escolas de samba competem por um troféu. Blocos competem veladamente entre si. Mas não contratam jurados, não brigam para saber quem é o primeiro; não se rebaixam de grupo, não perdem pontos por sua organizada desorganização. Não precisam de comissão de frente, nem de ala de baianas, nem de carros alegóricos. No máximo uma charanga para animar os integrantes.
Blocos desfilam em trajetos que eles mesmos definem. Não dependem de ligas. Não precisam de arquibancadas para o público – que assiste a tudo das calçadas, ou quase sempre, resolvem engrossar o desfile, participando da bagunça, mesmo que seja num pequeno trecho.
Como não existem ligas de blocos, não há necessidade de iluminação especial; ninguém marca o tempo para descontar pontos; ninguém conta o número de integrantes; e blocos, quando se encontram, se juntam e deixam a folia mais foliona.
Neste ano, os blocos provaram que são de fato manifestação de cultura popular. Em idos tempos, na Ponte de São João, havia o Estamos na Nossa, hoje transformado em Continuamos na Nossa. O Refogado do Sandi, mais tradicional, já se tornou patrimonio da cidade. Os novatos, como o Chupa que é de Uva, o da Ponte Torta, o do pessoal do Natura, cresceram e botaram pra quebrar.
Se é por falta de estatísticas, aqui estão algumas: No desfile oficial das ligas de domingo (nem se conta o de sábado, com chuva) havia 20 mil pessoas a assisti-lo. Ou seja, 5% da população. 95% não se interessaram. O Chupa que é de Uva, que saiu no sábado anterior, havia reunido dez mil pessoas; o Refogado do Sandi, 20 mil pessoas no Centro na sexta de Carnaval. Sem ligas a exigir verbas públicas, sem arquibancadas, sem policiamento especial. É bom pensar nisso.

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