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quinta-feira, 28 março, 2024

Sabe aquele implante dentário baratinho? É pirata

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Segundo a Abimo, um terço dos implantes dentários feitos no Brasil é com material de péssima qualidade
Muita gente se assusta quando o dentista dá o preço do conserto a ser feito nos dentes. Custa caro mesmo, mas vale a pena ter novos dentes. Mas no mercado há muita picaretagem – uma delas é usar produtos piratas, de péssima qualidade, nos implantes dentários. Tem quem fabrica na garagem de casa. E pior, tem dentista que compra.
“O interessado precisa se informar sobre o profissional que vai mexer em sua boca – afirma Paulo Guilherme de Souza, especializado em próteses. Precisa ver se tem o nome do dentista na porta, e não aquela coisa genérica, tipo clínica tal”.
O implante usa um pino de titânio, que é fixado no osso maxilar. Depois, nesse pino, é colocado o dente novo. Esse pino custa no mercado legal entre 200 a 500 reais – cada um. Na Internet, tem gente anunciando o mesmo pinto por dez reais. Mesmo não, parecido.
“Nâo adianta dizer que é de titânio, é preciso saber que tipo de titânio – explica Aylton Mário de Souza, um dos pioneiros em implantes no país. O titânio usado nos implantes é especial, para não haver rejeição do organismo”.
O mercado pirata cresce na mesma proporção da procura pelos serviços. A implantodontia é uma das áreas que mais cresce na Odontologia – nos últimos cinco anos, o número de dentistas especializados, com registro no Crosp (Conselho Regional de Odontologia do Estado de São Paul) passou de 968 para 2.423.
O presidente da Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos Médicos e Odontológicos), Paulo Henrique Fraccaro, vai mais longe. “Tem gente comprando um torno e fabricando implantes na garagem, e o que é mais preocupante, tem dentista comprando”.
As peças piratas podem causar muitos problemas. Os mais simples são a perda do implante após semanas e mais gastos com novo implante. Os mais complicados chegam às infecções graves na boca. Aí, algum dentista mais sério precisa consertar o estrago.
Implantes legais passam por uma série de testes, como resistência e esterilidade, e têm registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “Normalmente as peças mais pirateadas são as que se fixam nos pinos – explica Aylton – e elas são feitas com dimensões de encaixe mais folgadas, o que faz com que se afrouxem”.
O problema não é só a frouxidão e a consequente perda do implante. Essa folga permite a proliferação de bactérias e as infecções. O que atrai tantos dentistas-picaretas para as peças piratas é o custo: 60% menos que o valor cobrado por fabricantes oficiais. Assim, o picareta usa peça pirata e manda a conta como se fosse oficial. Dá mais lucro.
Os dentistas conscientes estão preocupados com o problema. Querem que os implantes sejam rastreados, desde o fabricante até o usuário final. Hoje as empresas não têm obrigação legal de identificar as peças, o que torna mais difícil comprovar se a infecção foi causada por um implante mal feito.
O presidente do Crosp, Cláudio Miyake, espera que seja aprovada uma lei estadua (já tem projeto) obrigando a venda de produtos odontológicos com identificação. “O que todos sabem é que o fracasso de um implante tem relação direta com a qualidade do material”, diz ele.
Enquanto não há lei específica para os implantes e materiais neles usados, o jeito é procurar um dentista de confiança. “Nessa hora, não adianta escolher pelo preço, diz Paulo. É o velho ditado, de que o barato sai caro”.
E sai mesmo. Em Campo Limpo, um paciente fez implante gastando oito mil reais, achando que a clínica, dessas genéricas, era de confiança. Quatro meses depois precisou refazer o serviço, dessa vez num dentista de Jundiaí que honra o avental – e lá se foram outros mil reais. O material usado na primeira vez era totalmente fora de qualquer padrão técnico e de higiene.
“É preciso entender que a boca é a porta de entrada para o corpo, diz Aylton. Se você ingere alimento que se contamina com as bactérias do implante mal feito, é bom saber que tudo isso vai para dentro do organismo, e as consequências são as piores possíveis”. Dá pra perder o sono sabendo que a picaretagem já chegou a esse ponto.

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