Bacia tem inúmeros córregos, e construção de uma barragem pode resolver problema da água na região
O prefeito de Cabreúva, Henrique Martin, foi eleito no fim de janeiro presidente do Consórcio Intermunicipal do Ribeirão Piraí – Conirpi. As outras cidades que integram o consórcio são Itu, Salto e Indaiatuba. Henrique substitui o prefeito de Itu, Antônio Luiz Carvalho Gomes (Tuíze), e fica dois anos no cargo.
A reunião teve muita coisa amena, como a discussão de ações de conscientização da população, comemoração do Dia da Água (22 de março) e planos para educação ambiental. Falta o principal: Há mais de vinte anos fala-se na construção de uma barragem para resolver o problema de abastecimento naquelas cidades.
O Piraí tem 45 quilômetros de extensão. Nasce no Guaxinduva, em Cabreúva, e percorre, além de Cabreúva, Itu, Indaiatuba e Salto, onde desagua no Rio Jundiaí. O ribeirão é motivo de disputa das cidades. Salto, por exemplo, retira de lá sua água. A encrenca começou em 1990, quando Indaiatuba, que fica ao montante, manifestou intenção de retirar água de lá também.
Depois de muita discussão, influência política e intermediação do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), saiu a outorga para que Indaiatuba captasse 13.920 m³/dia e assim o pequeno manancial passou a representar 25% das necessidades daquele município. Salto retira 25.920 m³/dia.
Os ânimos voltaram a se acirrar, quando em Itu, que fica mais a montante, técnicos e políticos começaram a cogitar a utilização do mesmo manancial. Ou seja, três municípios que somam quase meio milhão de habitantes pretendiam retirar água de um ribeirão cuja vazão média plurianual é de 2,5 m³/s.
A solução foi a criação, em 12 junho de 2003, do Consórcio Intermunicipal do Ribeirão Piraí, cujo grande e único projeto é a construção de uma barragem que armazenará água nos meses chuvosos e regulará a vazão para que, mesmo nos períodos de estiagem, possam ser abastecidas Itu, Indaiatuba e Salto. Mas ficou nos estudos e no projeto.
Essa represa, que teria nove bilhões de litros de água, ficaria entre Salto e Itu. Em caso de estiagem socorreria todas as cidades envolvidas. Em tempos de vacas gordas, seria distribuída em partes iguais. Em 2010 o consórcio tinha, segundo a revista Veja, um milhão de reais em caixa, e a obra da represa começaria naquele ano.
Em 2014, o consórcio reelegeu o prefeito de Itu para presidi-lo, e logo na primeira reunião, também só amenidades. Escapou o anúncio de que havia uma empresa que vencera a concorrência para o projeto da barragem e de outra que faria levantamento da ictiofauna, além de cuidar dos relatórios ambientais para se conseguir a licença.
Com Henrique à frente, agora é esperar para ver – e crer – que essa represa saia do papel. Henrique, por enquanto, anunciou a criação de um parque da cidade, na margem do ribeirão. E só. Não, não é só isso. A Secretaria do Meio Ambiente de Cabreúva criou o programa Rota das Águas, que vai levar interessados em conhecer o Piraí e seus afluentes em visitas monitoradas.