Rede Dia é acusada de assédio por franqueados

Terror: Franqueados acusam rede de empurrar mercadoria sem critério e com validades vencendo
Sobrou pra rede de supermercados Dia%. O deputado Carlos Gianazzi (Psol), que gosta de uma encrenca, promoveu audiência na Assembléia Legislativa para ouvir atuais e ex-franqueados do Dia – a empresa é multinacional espanhola e anda espalhando terror aqui no Brasil. Na audiência, apareceu até um ex-franqueado de Portugal, Paulo Jaloto, que lidera em seu país uma associação de vítimas da franquia.
Jaloto falou que há casos de suicídio e de como a empresa engana os investidores na sua franquia, abandonando o franqueado a sua própria sorte e inventando promoções para atrair clientes às lojas sem dar o devido respaldo material e logístico. Mostrou ainda um vídeo feito na França de um movimento organizado por franqueados e ex-franqueados Dia e revelou que levou o caso às autoridades européias responsáveis pelas relações de negócios no bloco, sediadas na Bélgica.
Deixando Jaloto de lado. Os empresários paulistas também reclamaram muito. Falaram sobre suas mal sucedidas experiências como franqueados da companhia, acusada de assédio, de falta de diálogo e de apoio nas operações do dia a dia, de indução ao endividamento financeiro do franqueado, de não suprir as lojas com as mercadorias solicitadas, de entregar produtos diversificados de forma compulsória nos pontos de venda sem direito à recusa (inclusive alimentos com prazos exíguos de validade que, de acordo com denúncias, vêm como refugo das lojas próprias), de impor margens apertadas e vulneráveis de lucro e contratos fora de prazo com cláusulas abusivas, dentre outras (ufa!)
Laura Araújo e Ruan Pereira, mãe e filho, que foram sócios entre junho de 2012 e março de 2014 numa loja franqueada Dia em Jardinópolis (próximo a Ribeirão Preto), disseram que perderam bens imóveis tentando salvar o negócio e hoje estão endividados. “Me sentia burro, incapaz”, disse Pereira. Outro empreendedor da cidade de Artur Nogueira (próximo a Limeira) lastimou que ele, o pai e a mãe, presentes na audiência, estivessem à beira de um colapso nervoso e também endividados. Além das consequências financeiras e materiais como falência e dívidas bancárias, problemas de saúde como depressão e casos de suicídio foram relatados durante a reunião.
Ex-funcionário da Dia Brasil, Régis de Matos revelou bastidores das operações lideradas por ele enquanto empregado da companhia numa função de comando regional, como despacho de mercadoria sem pedido, manipulação e maquiagem de dados etc, tudo a mando da rede. Contou ainda que foi processado por difamação, mas absolvido pela Justiça. “A empresa tem como foco somente a distribuição de mercadoria, só isso. No meu entendimento, deveríamos estar lá para ajudar o franqueado, e não para acabar com a vida deles, como acontece”.